Liderados por Clístenes, os atenienses estabeleceram, na Antiguidade Clássica, a primeira experiência democrática. No entanto, mesmo que a Grécia Antiga tenha contribuído significativamente com muitos aspectos da democracia, naquele momento, apenas uma minoria da população era considerada apta a votar. Deste então, visando à consolidação da soberania popular, movimentos por sufrágio universal se espalharam por todos os governos democráticos. No entanto, no Brasil, ainda que tal evolução social tenha ocorrido, verifica-se que a doutrina democrática permanece imperfeita e continua em construção. Notoriamente, os baixos índices de participação eleitoral geram prejuízos para o Estado Democrático de Direito. As participações populares nas atividades políticas no país são restritas, uma vez que culturalmente a população brasileira apresenta desinteresse na administração governamental e, por conseguinte, sustenta uma ideia negativa sobre o tema. Esse desconhecimento na política contribui para que desvios de verbas públicas e imposturas de políticos permaneçam ocultos. Nesse sentido, Bertolt Brecht, poeta alemão do século XX, disse: “O pior analfabeto é o analfabeto político”. Além disso, destaca-se que os governantes têm se desviado de suas funções e expressado exclusivamente seus interesses próprios. Esses problemas de governança geram crises de representatividade e colocam a democracia em risco, pois não é efetuada com êxito. Deve-se ressaltar ainda a influência das mídias de comunicação que manipulam direta ou indiretamente a vida pública, criando uma fachada que seja favorável aos seus objetivos. Diante disso, fica evidente que para uma redemocratização efetiva é necessário que a participação popular vá além do voto. Para tanto, torna-se imprescindível promover a crítica política entre a população, por meio de palestras e seminários sobre os direitos e deveres do cidadão. Ademais, é indispensável desconstruir culturalmente os conceitos prévios criados pelo senso comum sobre a política. Isso será possível com a união das instituições sociais família e escola, educando futuros eleitores a participarem ativamente na esfera política. Somente assim a população deixará de ser inerte e usufruirá direitos fundamentais como à liberdade de expressão e ao voto, previstos na Constituição Federal de 1988.