Com uma história republicana que já foi marcada por governos repressivos, regimes ditatoriais e centralizadores, o Brasil vive, hoje, um processo de abertura política em que se busca recuperar a democracia silenciada naquele período. Esse cenário de redemocratização, entretanto, vem se mostrando controverso em muitas de suas finalidades à medida que a realidade da maioria da população não corresponde àquela observada nos governos, e que as ações destes em muito não condizem com a vontade daquela. A elite que representa a política brasileira é um dos principais e mais visíveis fatores responsáveis por essa incoerência. Grupos privilegiados são super-representados no Congresso, onde apenas 20% são negros, 9,9% mulheres e mais de 40% empresários (dados da revista GALILEU), o que está longe da realidade do país. O poder de influência dessa classe majoritária é, claramente, maior, tendo em vista que possui muito mais recursos e levando-se em consideração uma população sem educação eleitoral, que esbanja desinteresse político e, dessa forma, que é facilmente corruptível. Nesse cenário, o voto passa a ser um meio pouco expressivo de participação política. No Brasil, enquanto “democracia” representativa, ele é a ferramenta que, supostamente, faz o elo entre representantes e representados. Porém, falta esclarecimento e independência por parte dessa população, detentora do poder do voto, a respeito de suas preferências, que quase nunca são transparentes e de objetivos claros. Portanto, o voto torna-se limitado e passa a não garantir a representação dos interesses populares. Fica claro, portanto, que a construção do cenário democrático no Brasil apresenta incoerências e falhas. A população precisa se reeducar eleitoral e politicamente, de forma a ser mais esclarecida, consciente e exigente em suas escolhas, cobrando, ainda, transparência de seus políticos e pleno funcionamento das instituições governamentais. A Polícia Federal, por sua vez, por meio de assíduas investigações, deve ajudar nessa clareza dos candidatos à população. Além disso, ambientes propícios ao debate político devem ser elaborados pelo Governo, para que os cidadãos possam deixar claro seus reais interesses e descontentamentos, tendo, assim, uma maior correspondência com seus representantes e construindo um ambiente mais democrático.