A célula humana é uma estrutura complexa que tem seu pleno desempenho baseado na divisão de funções pelas organelas: núcleo - controle celular -, ribossomos - execução de ordens do núcleo - e membrana plasmática - proteção. Nessa lógica, comparando essas estruturas com a organização política seriam, respectivamente, os cidadãos, os políticos e militares. Entretanto, a conjuntura governamental brasileira revela uma inversão entre povo e governo, expondo a um difícil cenário para a democracia no Brasil. Tal fato se deve a formação histórica-política da pátria e a acomodação social diante do contexto político vivido. Primeiramente, a análise do passado brasileiro revela a juventude democrática no país, uma vez que, em 517 anos de existência, apenas 6% deles foram marcados por eleições gerais para o Executivo Federal. Nesse curto período de tempo, o governo popular mostrou-se bastante contraditório, pois sustentou práticas dos regimes autoritários anteriores. Tem-se, como exemplo, o Coronelismo – uso do poder local para manipular eleitores – e o Voto de Cabresto – compra ou imposição do voto. Tais situações, permitem notar que o uso ilegítimo do poder dificulta a reconstrução da democracia pelos cidadãos, visto que eles não participam ativamente dessa construção e, sendo assim, não a vislumbram como forma para autenticar seus direitos. Em um segundo plano, é possível perceber uma conformação popular quanto ao cenário político que vem se perdurando. Tal resignação é bastante clara na efemeridade os movimentos sociais que partem do povo. Isso porque, em sua maioria, tais manifestações começam mal articuladas, com propostas heterogêneas e em pouco tempo perdem força sem terem suas reclamações atendidas pelo Estado. Evidencia-se, dessa forma, a necessidade do amadurecimento da democracia nacional para que, assim como legitima a Constituição de 1988, todo poder emane do povo. É necessário, portanto, que haja mudanças ideológicas, políticas e sociais no Brasil. Para que essa difícil tarefa ocorra seria preciso que os cidadãos soubessem do seu importante papel como agente democratizador. Nesse sentido, importantes instituições como o Estado e as escolas, poderiam atuar objetivando tal conscientização; O primeiro deveria, por meio da mídia e das redes sociais, criar campanhas que enfatizem a participação popular nas decisões do país; Já a segunda, deveria inserir, em aulas de sociologia e história, o debate sobre democracia e atuação civil com a finalidade de formar indivíduos responsáveis e aptos a exercerem sua cidadania. Dessa maneira, seria possível alcançar uma redemocratização estruturada plenamente no povo, sendo ele, então, núcleo de sua nação.