A Constituição Federal de 1988 deu à luz, no Brasil, uma nova tentativa de avanço do país, por meio da democratização. Essa conquista encerrou um extenso período histórico, marcado pela subjugação da população e pela repressão das liberdades individuais. No entanto, a evolução histórica nacional não cessou com a volta da democracia; esta, além de ainda apresentar inúmeros defeitos, trata-se, apenas, de mais um esforço pelo progresso, construído pela constante oposição de ideias e catalisado pela massa popular. Em primeiro lugar, é preciso compreender esse processo de evolução das nações como o resultado de sucessivas dialéticas ideológicas. Isso significa que cada etapa da formação de um Estado deriva da desconstrução do pensamento anterior e da formulação de um sucessor, como o que ocorreu no cenário da luta popular pela derrubada do Governo Militar e em prol da democracia. Portanto, com essa observação da realidade histórica, teorizada pelo historicismo de Hegel e com fundamento na tese de Heráclito, em que "a harmonia se dá, apenas, pela oposição", pode-se entender que o papel de contribuição à construção de tal sociedade harmônica deve se perpetuar muito além da redemocratização do Brasil. Nesse sentido, essa constante e gradual evolução do Estado brasileiro se tornaria insustentável sem a ação dos grupos em conflito, isto é, sem a participação ativa da sociedade. Com esse objetivo, é essencial que o cidadão exerça o seu direito político e civil de se expressar e atuar no processo de formação política de seu país, destacando-se as manifestações recentes que tiveram a capacidade de alterar o rumo da história brasileira, como os movimentos "Diretas já!" e dos "caras-pintadas", durante o governo Collor. Ademais, essa participação do povo se fundamenta, também, nas mais importantes revoluções da História, nos contextos do ludismo inglês e da Revolução Francesa do século XVIII, consolidando, portanto, a ação política popular como protagonista na transformação do Estado e na conquista de direitos. A recente redemocratização do Brasil, finalmente, revela-se como mais um símbolo desse esforço coletivo, que precisa permanecer constante. Para a manutenção desse ímpeto transformador, o Ministério da Educação deve aderir à grade escolar um programa de incentivo à expressão ideológica dos jovens, por meio de debates regulares sobre políticas polêmicas, com o intermédio de professores e familiares, priorizando a tolerância. Por sua vez, a comunidade pode, assim, exercer o seu próprio dever: manifestar-se em prol de um futuro melhor para o país.