O Brasil passou a maior parte de sua história civilizatória sob o poder de governos autoritários. Por isso, o povo não tem o costume de defender seus interesses ativamente, em geral esperando que ações partam dos governantes. Muitas conquistas brasileiras não se deram através da luta do povo, mas como manobras políticas, agravando a passividade cidadã. Assim, a democracia ainda encontra-se em desenvolvimento. Em 1985, sob direção dos governantes, o Brasil voltou a ser uma democracia após o regime ditatorial. Mesmo o projeto de abertura iniciado em 74 por Geisel tendo sido uma decisão dos militares, essa escolha apenas foi feita porque a ditadura tornara-se insustentável por meio de movimentos como Diretas Já e greves sindicais. Apesar de seu final ter sido uma vitória da democracia, sua duração foi um crime terrível contra a mesma, retirando a liberdade, e a chance de aprender a usá-la, das massas por décadas. A democracia revela diferentes posições, e a existência de um espaço em que elas possam se apresentar faz parte de sua construção. Ao formularem posicionamentos, todos se tornam responsáveis pelo seu conhecimento, para que não sejam manipulados por governos carismáticos ou promessas vazias. No Brasil, as discussões, em sua maioria, têm pouco embasamento e mantêm-se superficiais, dando espaço para que discursos mais desenvolvidos sobreponham-se. Assim, é de suma importância que o achismo seja abandonado em favor de fatos aos quais atrelar-se. Durante a Era Vargas, o povo foi acostumado a ser oferecido vitórias sem a luta, e por mais que o populismo não seja mais o modelo vigente, a complacência geral mostra que os brasileiros continuam a esperar vitórias pelo caminho de menos resistência. O problema das vitórias concedidas é que elas acontecem nos termos dos governantes, e dificilmente permitem negociações, além de desincentivarem a construção da democracia. Tendo em vista as dificuldades de sua formação, que mesmo antes da ditadura ainda não se construíra por completo, algumas medidas são fundamentais. O Ministério da Educação deve tornar obrigatório no currículo escolar aulas sobre política, e a mídia junto ao governo, criar na televisão aberta um horário especial para que a população seja mantida a par do andamento de projetos governamentais. Com essas duas vertentes, a população gradativamente começará a se educar e a entender como participar das escolhas de seu país, o Brasil.