A busca pelo direito à liberdade fez parte do lema da Revolução Francesa, no século XVIII, e não deixou de estar presente na sociedade contemporânea. Embora tenham sido alcançados grandes avanços, quando se trata de aborto, o Brasil ainda apresenta um comportamento bastante restritivo. A interrupção da gestação no Brasil é permitida em casos de estupro, risco de vida para a mãe e anencefalia do feto. Tal fato pode ser encarado como uma conquista, quando comparado a países como o Chile, onde nem sequer há essa possibilidade. Contudo, a autonomia da mulher não deixa de ser prejudicada, visto que sua liberdade de escolha é lesada. Em oposição a essa limitação, 5,5 milhões de pais não registram seus filhos, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça. Esse comportamento caracteriza o intitulado "aborto masculino", no qual o homem abre mão da paternidade e de suas responsabilidades, enquanto a mãe exerce duplo papel. O Conselho Federal de medicina defende a legalização do aborto até os 3 meses de gestação, considerando tratar-se da garantia da autonomia da mulher. Sob a perspectiva judicial, a proibição do aborto é justificada como forma de preservação dos direitos humanos, ao proteger a vida do bebê. Entretanto, no país são realizados cerca de 1 milhão de abortos, anualmente, de acordo com a Pesquisa Nacional do Aborto. Ignorar esse número é,portanto, negligenciar o risco que essas mulheres correm ao se submeterem a procedimentos ilegais em condições desumanas e desprezar as vidas dessas. Diante do exposto, torna-se evidente a necessidade do entendimento da legalização do aborto como forma de garantir liberdade às mulheres. Outrossim,o Ministério da Saúde deve organizar e promover a estruturação das Unidades de Saúde, para garantir acompanhamento médico e psicológico às gestantes que desejem interromper a gravidez, bem como realizar, por meio da mídia, campanhas que conscientizem a população a respeito da seriedade e importância do assunto.