É notório que a proibição do aborto voluntário, ou seja, por única e exclusiva vontade da gestante, tem causado fortes efeitos na sociedade. Entre as diversas consequências na sociedade, pode-se destacar o grande número de abortos clandestinos e o aumento do número de mães que tem filhos sem condições de criá-los. É consenso que fazer um aborto no Brasil não é tarefa impossível, apesar de ilícita. Diversas clínicas clandestinas, com profissionais, na maioria das vezes, não qualificados, fazem o procedimento à luz do dia, no meio das cidades. A Pesquisa Nacional do Aborto mostra que, em média, a cada cinco mulheres, uma já o fez. Por isso, uma possível flexibilização da lei diminuiria o risco das mulheres que optam por fazer. Além disso, tem os casos das mulheres que não têm dinheiro para fazer tal procedimento ilegal e, sem escolha, acabam tendo o filho, mesmo sem condições financeiras de criá-lo. Tal situação é recorrente e acaba por alimentar as estatísticas de pobreza extrema em nosso país. Dessa forma, ações do governo para conscientização sobre o uso do preservativo e a legalização do aborto seriam, neste caso, duas ações complementares para tentar amenizar a situação. O aborto é tema polêmico e necessita evoluir muito ainda, principalmente no campo religioso, onde a aceitação é difícil. Porém, observa-se que a liberação de forma legal seria benéfica para boa parte das mulheres. Afinal, quem for contra, seja por crença religiosa ou outro tipo de convicção, basta usufruir dessa autonomia de forma a negá-la.