Título da redação:

Até quando?

Proposta: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 27/03/2016

Quando tocamos no assunto, autonomia do corpo feminino, o terreno é sempre espinhoso, pois a opinião de uma grande parte da sociedade reflete o sexismo e conservadorismo impositivo, uma chaga ainda aberta da nossa sociedade, essa autonomia confronta diretamente a própria identidade sobre, o que é ser mulher? cujo a definição foi sempre dada por terceiros, confronta definições filosóficas, éticas e científicas sobre, o que é vida? o que é identidade? e etc. É sabido que há disseminada muita desinformação no Brasil quando o assunto é interrupção da gravidez, podemos dizer que até uma má vontade de alguns segmentos da sociedade, que insistem em querer impor suas visões para toda uma sociedade laica, sendo esses valores embasados em religião ou concepções abstratas sobre o assunto, uma máquina de reprodução de significantes vazios, sem nenhum argumento sólido ou científico. Muito se fala em ética, mas esta pressupõe sempre a liberdade de opção, não existe ética sem deliberação do indivíduo, por mais angustiante que ela seja. As pessoas têm medo de enfrentar essa angústia e recorrem apenas ao que a lei diz, e a um conservadorismo ligado as tradições já predominantes, esse, é inimigo da mudança, e amante da segurança da imobilidade. Agindo assim, fogem da liberdade que as obriga a rever-se constantemente e a selecionar os valores dos conflitos que estão ocorrendo. Num dado momento, nossa sociedade estabeleceu parâmetros que passaram a configurar na lei, a qual não criminaliza duas situações de abortamento, isso nos mostra que o que acontece na realidade é um julgamento coletivo do consenso e do comportamento sexual da mulher, não há uma preocupação genuína com o desenvolvimento desse embrião, pois nesses casos ele pode ser descartado, isso nos mostra a hipocrisia dos ditos argumentos pró-vida. Nesse debate tem ocorrido um deslocamento perverso, sendo posto em questão apenas o direito do embrião por meio da atribuição do estatuto de pessoa a ele. Assim, o direito das mulheres a uma vida digna, na qual inclui a liberdade para fazer escolhas, e o compromisso da sociedade em respeita-las, é confrontado com o direito ao desenvolvimento do embrião. A argumentação pró-vida não se aplica a realidade da medicina, pois, a mulher pode ser punida por se desfazer de um embrião, mas as clinicas de reprodução assistida estocam e descartam embriões não utilizados, há pesquisas com células tronco embrionárias e etc. Fazer um aborto equivale a um homicídio no Brasil, mas deixar uma mulher morrer por causa de um aborto mal feito por negligencia e cerceamento do Estado não é, veja como esse sistema atual é perverso, e mostra um tabu totalmente desmedido da legislação brasileira. O advento da contracepção, com a consequente desvinculação entre sexo e procriação, as mudanças no tamanho e na dinâmica das famílias e, ainda, as pressões exercidas pelo movimento feminista foram fatores determinantes para que, no final do século XX, as restrições impostas a autonomia reprodutiva das mulheres começassem a ser reconhecidas como violações dos direitos humanos, além de obstáculos para o desenvolvimento econômico e social e humano dos povos, o planejamento familiar é fundamental para o desenvolvimento de um país, portanto, é necessário que haja uma discussão séria na sociedade brasileira, avaliando os reais impactos da criminalização, atentando para que o Brasil siga a legislação internacional e assim, crie centros de referência em saúde da mulher, pra que esta possa escolher livremente como lidar com seu corpo e como deseja viver a sua vida.