O medo real ou imaginário, expectativas excessivas ou frustrações caracterizam transtornos de ansiedade – reação inerente ao ser humano diante de situações de perigo ou alerta. No entanto, ao passo que esse distúrbio torna-se demasiado, a ponto de interferir físico, psíquico e socialmente na vida dos indivíduos, medidas urgentes e direcionadas devem ser estabelecidas. É valido lembrar que a efemeridade das relações modernas e a busca incessante por um melhor padrão de vida agravam essa terrível patologia. O sociólogo Bauman, em sua obra “Modernidade Líquida”, enfatiza a efemeridade das relações interpessoais, frutos de um colapso proveniente da Revolução Tecnológica nos meios de comunicação, evidenciando a longevidade do contato real e a permanência do virtual. Diante disso, a sociedade moderna tem lutado contra casos de ansiedade severos os quais vão desde o medo de falar em público à simples espera de um resultado de concurso. Além do mais, de acordo com informações divulgadas pela Band News, o número de pessoas ansiosas aumentou 14,9% entre 2005 e 2015, o que, de fato, ressalta a importância de modificar a forma como a população se relaciona e fortalecer seus vínculos afetivos reais. Outrossim, a busca frenética do ser humano em progredir, evoluir, conquistar e ganhar sempre mais faz destoar os verdadeiros valores da vida, uma vez que não se pensa no fundamental: manter o que já possui. É válido lembrar que, para o sociólogo Émile Durkheim, perseguir um objetivo, que por definição é inatingível, significa condenar-se a um estado de infelicidade perpétua, ou seja, essa concepção, infelizmente análoga à sociedade atual, nutre transtornos de ansiedade, elevando o número de pessoas afetadas. Como se não bastasse, segundo a OMS, o Brasil foi considerado o país mais ansioso do mundo, sendo que 33% da sua população apresenta esse distúrbio – resultados que, notavelmente, necessitam de intervenções rápidas e direcionadas. Fica claro, portanto, que a efemeridade das relações modernas junto à busca incessante por um melhor padrão de vida, muitas vezes inatingível, corroboram ao aumento da ansiedade e seus efeitos. Por conta disso, mostra-se crucial que a Secretaria de Saúde de cada município, em parceria com a OMS, organize palestras, nas escolas e em diversas comunidades, objetivando ressaltar, tanto aos alunos quanto à população, a relevância de estreitarem laços afetivos uns com os outros, além de valorizarem suas vidas e o que possuem. Assim, sem dúvidas, o cenário de ansiedade e as concepções de Bauman e Durkheim não mais se enquadrarão no Brasil.