A segunda fase do Romantismo, ainda no século XIX, foi marcada por sentimentos profundos de tristeza e melancolia, passando a ser conhecida como “mal do século”. Além da literatura e na contemporaneidade, essa expressão é frequentemente associada à ansiedade, principal problema do mundo moderno que acomete milhares de brasileiros todos os dias. Nesse sentido, fatores de ordem social, bem como educacional, caracterizam o aumento dos casos desse transtorno no país. É importante pontuar, de início, a influência do atual modo de vida no crescente número de ansiosos no Brasil. À guisa do filósofo Zygmunt Bauman, a modernidade é marcada pela rapidez das transformações e pelo fenômeno do imediatismo, em que noções de paciência e calma tornam-se escassas. Nesse contexto, a rotina estressante dos grandes centros urbanos, além do advento das novas tecnologias com a sobrecarga de informações, constitui um quadro propenso ao desenvolvimento dos transtornos de ansiedade. Tal fato é ratificado por dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que apontam que cerca de 10% da população brasileira sofre desse problema. Outrossim, tem-se a negligência escolar frente a esse fenômeno. Conforme o pensamento kantiano, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele. Entretanto, as escolas brasileiras falham nesse processo de formação social ao se omitirem quanto aos casos de ansiedade no país. Nessas circunstâncias, a ausência do amparo estudantil, somado a um sistema educacional marcado pelo excesso de cobranças e pressões, favorecem os casos desse transtorno entre os jovens. Essa realidade é comprovada pelo Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente, que concluiu que cerca de 60% dos casos de ansiedade correspondem às pessoas entre 15 e 25 anos. É notória, portanto, a relevância de fatores sociais e educacionais na problemática supracitada. Nesse viés, o Governo, em consonância com a mídia, deve promover a conscientização acerca da ansiedade e seus riscos. A ideia da medida é, a partir de diálogos esclarecedores nos postos de saúde, além de telenovelas e propagandas educativas acerca do assunto, consolidar uma população que conheça os sintomas desse transtorno e saiba como contorná-los. Ademais, é dever das escolas, em parceria com profissionais da área, minimizar os casos de ansiedade entre a juventude. Esse projeto deve contar com palestras e debates nas salas de aula sobre a questão da saúde mental e acerca de formas como administrar as cobranças do mundo moderno. Assim, o Brasil estará no caminho certo para reduzir os casos desse transtorno e superar, como na Literatura, o “mal do século”.