A ansiedade é um traço evolutivo presente em todos os vertebrados, no qual, indivíduos portadores dessa característica foram selecionados ao longo das gerações através de suas maiores chances de escapar de possíveis predadores. Em níveis controlados, essa característica nos permite a preparação para eventos futuros, porém, quando situações sociais ou fisiológicas desencadeiam um aumento nos níveis de ansiedade, o indivíduo pode enfrentar sintomas que culminarão com a diminuição de sua qualidade de vida quando não tratado da forma correta. Apesar de considerada “a doença da modernidade”, existem relatos de pessoas no século XVIII que sofriam com sintomas hoje associados ao transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Mas, é inegável que o reporte da doença tem crescido drasticamente na última década, principalmente no Brasil. Além de fatores genéticos, existe uma íntima relação entre situações sociais e o desenvolvimento da TAG. Como exemplo, em um mundo rodeado por tecnologia, o homem se vê obrigado a manter-se conectado a tudo e a todos, muitas vezes com incapacidade de filtrar o tipo de informação que lhe convém. Consequentemente, a alta velocidade de transmissão de conteúdo pode gerar grande desconforto quando, aparentemente, não conseguimos processar todos esses novos dados. Por esse motivo, dentro da área de avaliações psicológicas, já existe um termo cunhado especificamente para quadros de extrema ansiedade causados pelos meios de comunicação, o “technologyrelated anxiety”. Mesmo com o aumento do número de casos, ainda existe um grande tabu em torno da TAG. Dessa forma, indivíduos saudáveis possuem dificuldade em compreender quão debilitante é a doença, e, de maneira semelhante, pessoas que sofrem com o distúrbio, por vezes, possuem resistência em procurar auxílio médico e psicológico. A título de ilustração, o diretor de cinema Charlie Kaufman, no filme “Adaptação”, retrata, de forma bastante expressiva, a sua lida com a doença para tratar de assuntos diários. Além disso, Kaufman exemplifica como situações cotidianas podem se tornar sufocantes e insuportáveis àquelas pessoas que sofrem com a TAG. Dessa forma, é de grande utilidade que familiares e amigos próximos às pessoas que possuem TAG possuam empatia e encorajam o indivíduo, através de conversas que não tratem o problema como uma simples falta de vontade, a buscar tratamento médico e/ou psicológico. Dessa maneira é possível que o cerne do problema possa ser identificado e que o tratamento mais adequado seja aplicado, restabelecendo a qualidade de vida do indivíduo.