De fato, sentir ansiedade faz parte da essência animal e foi um dos fatores essenciais à evolução do ser humano ao proporcionar a ação do sistema de defesa. Hoje, ela continua presente, mas com um novo formato que mais degrada do que auxilia o desenvolvimento individual. Essa questão decorre a diversos fatores que vão desde a fragilidade dentro das relações até a aceleração padronizada vivida pela maioria das pessoas, incluindo os brasileiros. Inicialmente, vale destacar que, segundo o sociólogo Bauman, os relacionamentos atuais são líquidos, ou seja, baseiam-se na menor durabilidade e na maior fragilidade. Devido a isso, a troca de sentimentos, como o de confiança e amor, é restrita cada vez mais. Nesse meio, entra o medo de não ser o suficiente, de perder ou de ser rejeitado, sendo essas pré-ocupações estabelecidas antes mesmo do início de uma aproximação. Logo, esses pontos caracterizam os alicerces das pessoas nas quais a ansiedade age como fator prejudicial à saúde mental, espalhando-se com os desfalques na construção dos relacionamentos interpessoais sólidos. Ademais, a modernidade vivida, no século XXI, traz e pede ações e realizações instantâneas, apoiando-se em padrões idealizados. Isso acarreta no desejo excessivo de alcança-los. Nesse âmbito, por exemplo, é o querer ter um corpo definido em sete dias e sem esforços contínuos que a ansiedade pelo resultado, diversas vezes, induz a medidas radicais, como dietas restritivas sem acompanhamento médico as quais a acabam atingindo a própria saúde física do indivíduo. Assim, são eventos diários ou vistos como banais que as consequências da ansiedade degradam o ser. Fica claro, portanto, que o sentimento de ansiedade é natural, tornando-se um problema com a liquidez dos relacionamentos e a aceleração da rotina atrelada aos padrões exigidos. Para haver a amenização e tratamento dos casos, o Ministério da Saúde com as prefeituras deve elaborar cartilhas de instrução e reconhecimento dos sintomas e tratamentos paliativos a fim de minimizar consequências mais drásticas das crises de ansiedade, melhorando a qualidade de vida da população. Por fim, entender a ansiedade é aceitar a essência humana, para isso tratamentos humanizados e gratuitos não essenciais ao público que sofre com transtorno.