Título da redação:

Consequencias da ansiedade

Tema de redação: O aumento dos casos de ansiedade no Brasil

Redação enviada em 09/01/2018

“O Brasil é o país do futuro, e sempre será”. A frase, mais irônica do que humorística, de Millôr Fernandes, pode ser evocada para entender aquilo que está subjacente ao ideário da questão da ansiedade no Brasil e seu sentido de ameaça ao progresso da nação: uma sociedade que acredita no futuro nacional mas ainda não superou as altas taxas de ansiedades e homicídios, bem como os desafios da falta de prevenção ao suicídio. Nesse viés, é preciso constatar não só a perpetuação histórica dessa problemática, senão a urgência de medidas a revertê-la. É indubitável pontuar, de início, que a ansiedade como desencadeadora do ato suicida sempre esteve presente na história do Brasil. Em defesa dessa assertiva, na era colonial, o suicídio era visto como uma forma de fuga dos indivíduos em face da violência sofrida. Com efeito, o retrato de uma sociedade escravocrata e exploradora, conforme retratou o historiador Bois Fausto, em ‘História do Brasil’, fez a autodestruição o meio de livramento do escravo em face da exploração. Ademais, no século XX, essa situação não se alterou significativamente, pois Cândido Portinari ao delinear a pintura ‘Os Regirantes’ denuncia um Brasil que ninguém quer ver, ou seja, um país de exclusão social e a fome, sendo o suicídio o instrumento usado pela sociedade para livrar da própria condição de vida. Como se não bastasse, hoje ainda se convive com esse nó górdio devido ora a pressões sociais por padrões de beleza ora ao bullying e à exclusão. Subjaz, portanto, o retrato histórico do suicídio e, em suma, não há caminhos senão o de revertê-lo no contexto atual. A dinâmica contemporânea, no entanto, põe em xeque a afirmação de Einstein, a saber, não se pode resolver o problema do presente com a mesma mentalidade que o criou, pois evidenciam-se fatores que desafiam a prevenção do suicídio no país. De fato, conquanto as pesquisas do Mapa da Violência já revelarem um crescimento de mais de 60% nas taxas de suicídio no país, nota-se que a falta de conscientização social corrobora com a permanência desse fenômeno. Outrossim, embora o Estado queira combater esse mal no país, verifica-se que os tratamentos psicológicos disponíveis à população são escassos e, muitas vezes, precários. Nesse sentido, a falta de prevenção da prática expõe o indivíduo ora à secundarização, ora ao risco de vida. Subjacente está, portanto, a necessidade de promover reversão ao problema abordado. Em face do exposto, são necessárias medidas a reverter a situação do suicídio no país. Como forma de garantir isso, às ONGs e Instituições Religiosas, em parceria com veículos de comunicação estatal, pertence-lhes o papel de oferecer auxílio psicológico e espiritual aos indivíduos, por meio de eventos de ampla divulgação midiática, com o fito de dar base existencial e mostrar novas possibilidades a eles. Ao Ministério da Saúde, em conjunto com voluntários, cumpre-lhe a função de ampliar o acompanhamento médico aos doentes nas escolas, prefeituras e hospitais, por meio da redistribuição das verbas da saúde, a fim de resolver o suicídio como uma patologia.