Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O aumento de homicídios entre os jovens brasileiros e seus fatores motivadores

Redação enviada em 31/07/2018

Faroeste Caboclo, canção composta por Renato Russo no ápice da ditadura militar, conta a vida dilemática de um garoto sonhador que, por falta de oportunidades, de estigmas relacionados a sua cor e de um histórico familiar de fatalidades, passa a vivenciar nos subúrbios de Brasília, uma vida de digressão marcada por violência e assassinatos. Analogamente, no Brasil hodierno, em que as taxas de homicídios entre jovens aumenta paulatinamente, é impossível desvincular dentro de um espectro analítico que essa conjuntura se relaciona diretamente com aspectos econômicos e sócio-espaciais. Assim, conhecendo melhor as razões dessa conjuntura é possível buscar meios para a sua elucidação. Tendo por base inicial o levantamento do Atlas da Violência de 2018, que registrou um aumento de 7,4% de homicídios da população jovem, é possível depreender que essas informações quando estratificadas em grupos sociais, certamente resultará predominantemente entre jovens negros e pobres. Isso porque cor e classe social no Brasil, por ser traço marcante de uma herança fortemente escravocrata e segregacionista, é indicador categórico do tipo de dilema que moças e rapazes irão vivenciar. Além disso, é sob esse estereótipo nos os quais esses jovens estão inseridos ( padrão estético e financeiro considerado inferior), que paralelamente e possível perceber que o acesso à cidadania é quase inexistente - quase sempre sofrerão preconceito, terão pouco estímulo familiar pra estudar e terão alternativas limitadas de esporte e cultura. Assim, a falta de referência e de apoio familiar, social ou do Estado faz com que esses jovens sejam vulneráveis a uma realidade de transgressão e morte, estejam eles na posição de assassinos ou assassinados. Indubitavelmente, esses fatores terão reflexos diretos nas tristes estatísticas do aumento de mortes da juventude. Outrossim, a configuração geoespacial constitui fator relevante nos índices de óbitos dos jovens brasileiros. E essa apreensão é corroborada no livro Cabeça de Porco, no qual o antropólogo Luiz E. Soares é enfático ao constatar empiricamente em suas abordagens nas diferentes favelas do Brasil, a situação de desgaste e invisibilidade social as quais esses jovens se encontram nessas localidades. Consoante o escritor, é justamente nas periferias dos médios e grandes centros urbanos por conta da falta de um aparato de políticas públicas que assegure a esses perfis sociais alternativas de acesso a um espaço público urbano limpo e de qualidade, saúde, educação e lazer como bem garante a Constituição Cidadã, que se propicia "frestas" para o crime organizado. Logo, por conta da negligência governamental nesses espaços, meninos e meninas são cooptados para o âmbito do tráfico. Desse modo, infelizmente, esses elementos influenciam fortemente na inserção precoce de indivíduos para o mundo do crime e, por conseguinte, a fazerem parte das alarmantes taxas de homicídios. Portanto, para que menos jovens passem a ter o mesmo fim trágico de João de Santo Cristo, faz-se necessária medidas que atuem diretamente no combate desse empasse. O Ministério da Casa Cível deve ter como prioridade em sua agenda, um plano de Intervenção Social e Urbana. Esse plano deve ser multifuncional, havendo adesão de outros ministérios, pois nele será executado ações urbanísticas que integrem as periferias às cidades com o objetivo de romper barreiras sociais por intermédio de planos de saneamento, construção de praças e hospitais, injeção mais eficaz de aparato policial desmilitarizado e estímulos de instalação de empreendimentos para a geração de empregos. Outra ação prioritária deve ser a instalação de escolas técnicas integrais nessas áreas, pois, além de preencher o rotina diária dos adolescentes com ensino de qualidade, iria prepará-los para o competitivo mercado de trabalho, colocando-os em condições de igualdade com jovens mais privilégiados. Medidas como essas, ofertará aos jovens pobres, condições de vida mais digna e de oportunidades emprego de modo a afastá-lo das marginalidade e das porcentagens de homicídios.