Na década de 1930, o escritor Jorge Amado, seguindo as características do Modernismo, ao observar a realidade nacional, elucidou na obra “Capitães da areia” a situação de jovens meninos a mercê da marginalização. Hodiernamente, com o aumento da taxa de homicídios entre os jovens no Brasil, vê-se a situação de vulnerabilidade na qual essa faixa etária se encontra, remetendo a outros tempos. Por conseguinte, nesse âmbito, identifica-se a influência do passado, bem como, a permissividade no presente. As raízes de segregação no Brasil foram determinantes para instaurar a conjuntura atual, sobretudo no que diz respeito a não incorporação dos escravos alforriados no meio social. Desse modo, hoje, a quantidade de pessoas negras residentes em favelas é expressiva, posto isso, muitos jovens provenientes da mesma etnia se encontram em semelhante situação. Assim, é justificado que dados do Ministério da Saúde demonstrem que 71,5% dos homicídios ocorrem entre jovens negros, dado que, as habitações periféricas são terreno fértil para a expansão de facções criminosas, que se aproveitam de mentes jovens sem muitas perspectivas de futuro. Outrossim, como enunciado pela UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), é impreterível a expansão do acesso à educação e saúde para a juventude, o que não está em sintonia com o que é visto, pois além da desigualdade, as ações de mobilização para o combate as outras mazelas são poucas. Afinal, o aumento de casos de dependência de drogas ilícitas e lícitas, bem como, a ausência de pensamento crítico, são relevantes para a ocorrência de violência interpessoal e acidentes de trânsito com esses indivíduos. Sendo que, não há uma orientação contínua e eficaz que vise abordar tais fatores em escolas e universidades. Em suma, a expansão dessa problemática é influenciada pelo passado e se respalda nos erros do presente. Por isso, com o intuito de realizar mudanças, é preciso que haja uma ação conjunta entre o governo em todas as esferas, os órgãos de segurança pública e a população, para a identificação e revitalização das áreas periféricas, com o enfoque em projetos educacionais, atrelados a esportes e cursos técnicos, de maneira que, esses cursos tenham vínculo com oportunidades de trabalho. Ademais, as mídias digitais e impressas, em parceria com escolas e universidades, devem incitar o pensamento crítico, para a importância dos cuidados com a saúde e da análise crítica no dia-a-dia, por meio da mobilização de fóruns e mutirões de atendimento. De modo que, todas essas ações sejam realizadas pela parceria público-privada. Só assim, um futuro melhor será alcançado para esses indivíduos.