Em 1930, um grupo de arqueólogos iniciou uma escavação na Ágora, principal mercado público da Grécia Antiga, e encontraram um poço com 450 esqueletos de bebês. Similarmente, ao observar o aumento da mortalidade infantil e seus motivos, atualmente, percebe-se que esse problema não se limitou ao período helenístico. Nesse contexto de descaso, há dois elementos que não podem ser negligenciados, como a desnutrição crônica e a ausência de políticas assistencialistas à saúde. Em primeira análise, cabe pontuar que a carência financeira, situação de muitos brasileiros, promove a escassez de recursos alimentícios necessários à vida das crianças, uma vez que as mães necessitam estar bem nutridas para amamentar seus filhos. Por conseguinte, os infantes podem sofrer degeneração ao nível dos neurônios, fator que pode acarretar consequências irreparáveis. Dessa forma, nota-se que um dos caminhos para diminuir a mortalidade infantil é garantir alimentação adequada para as famílias necessitadas. Outrossim, convém frisar que a frágil iniciativa governamental voltada à promoção de assistência salutar às mães e às crianças corrobora para a persistência do viés. Isso foge da concepção aristotélica a qual defende que a política deve ser usada de forma que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade, haja vista que muitos cidadãos necessitam de aparatos equitativos para fornecerem aos seus filhos os cuidados básico em saúde. Diante disso, vê-se que a mortalidade infantil só será atenuada com a participação estatal ativa na questão. É evidente, portanto, a urgência em consolidar medidas que visem diminuir os casos de mortalidade infantil. Destarte, com o fito de fornecer uma alimentação adequada às mães e suas crias, o governo federal, em parceria com distribuidoras alimentícias, deve partilhar alimentos às famílias as quais, por meio de um cadastro previamente realizado, comprovem a indispensabilidade desses suprimentos. Ademais, objetivando assegurar o direito aos recursos medicinais, o Ministério da Saúde deve disponibilizar vacinações e atendimentos às crianças nas comunidades mais susceptíveis à mortalidade infantil. Desse modo, talvez, futuros arqueólogos não voltarão a se deparar com ossadas infantis, assim como ocorreu na década de 30.