As estatísticas de criminalidade do Brasil comprovam o extremo desamparo social que o país vive, atualmente. Se analisados cuidadosamente, percebe-se que a maior parte dos crimes são atos de jovens que estão abaixo da idade penal e que viabilizam o crime como uma fonte de sustento eficiente. Prova disso é que, de 1996 a 2014, o número de infratores adolescentes cresceu em 480%, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os principais catalisadores dessa problemática são a insuficiência do sistema educacional e os elevados níveis de desemprego. O investimento do orçamento público na educação primária brasileira despenca a cada ano e está abaixo da média mundial, de acordo com estudos da OCDE. Além disso, o descaso da escolarização por parte da família e a falta de incentivos ao aluno promove o desinteresse e garante a ineficiência do sistema educacional. Entretanto, não é justo impor a responsabilidade no professor, mas sim na administração pública que não coopera com a valorização do profissional e, para remediar essa situação, atua de forma contraproducente com a liberação de exorbitantes quantidades orçamentárias para a construção de presídios, por exemplo. Outro fator que propicia a elevação das taxas de criminalidade é a escassez das vagas de emprego, provinda de um colapso econômico do país. Sob um ponto de vista específico, o cenário dos jovens é ainda mais dificultoso, já que o ingresso no mercado de trabalho torna-se um verdadeiro desafio para engrenar uma carreira profissional no futuro. Assim, em situações extremas, o desespero selvagem toma força e atrai maneiras mais fáceis de sobrevivência como os roubos e furtos, que podem se atrelar ao consumo de drogas. Tendo em vista os fatos elencados, percebe-se que uma crescente parcela dos jovens desvia do caminho civil e parte para ações perturbadoras do bem-estar social quando não assessorados pela família e pela escola. É urgente que os Ministérios da Educação e do Planejamento promovam um investimento robusto no setor educacional por meio de mediações governamentais em busca de fundos públicos ou privados para, dessa forma, solucionar questões salariais dos professores, criar propostas de ensino voltadas à ética cidadã e, assim, oxigenar a educação brasileira. Com esse avanço, mais adolescentes poderão usufruir de uma escolarização própria e seguirão o caminho da civilidade social e humana.