A O2 filmes, em sua série "Cidade dos Homens", retrata os desafios vividos por dois meninos da periferia, que vivem em um cenário precário e violento. Tal conjuntura também se faz presente fora da ficção e, no Brasil, com o atual contexto de crise, mais jovens buscam formas de vida através do crime. Nesse contexto, há dois fatores que não devem ser negligenciados, como a falta de boas oportunidades para adolescentes e a impunidade sofrida pelos mesmos. Primeiramente, vale destacar que a escassez de possibilidades sofrida por jovens pobres é fruto de um processo histórico. Com o desenvolvimento industrial no século XIX e a consequente macrocefalia urbana, as classes mais baixas foram colocadas a margem da sociedade, enquanto que as melhores condições de educação e emprego ficaram concentradas nas mãos das elites. Dessa forma, percebe-se que essa estrutura foi mantida sem que houvesse alternativas efetivas de inserção dos jovens pobres na sociedade. Ademais, convém frisar que o Brasil não possui ações coercitivas eficazes que promovam o combate aos menores infratores. Segundo Pierre de Bordieu, se uma criança cresce em um ambiente violento, assim esta será. Tendo em vista isso, o Estado não tem leis que causem o medo à punições em adolescentes e estes de encontram livres para dar continuidade ao crime. Diante disso, vê-se também que, muitos adultos utilizam os mais novos para ações transgressoras, aumentando ainda mais a participação de menores no crime. Fica claro, portanto, que a acentuação da criminalização entre os jovens é causada pela convergência de oportunidades e pela falta de medidas eficazes e, por isso, medidas são necessárias para atenuar a problemática. É imprescindível que o Estado, em união com o Terceiro Setor, busque melhorar a educação das crianças carentes, através da construção de mais escolas com período integral e prática de atividades alternativas como esportes e artes. Somando isso à realização de programas profissionalizantes dentro dos colégios ou de cursos gratuitos para adolescentes, os menores humildes terão condições menos discrepantes com os de classe média e melhores expectativas de vida. Além disso, é importante que o Eixo da Promoção dos Direitos invistam na criação de escolas internas próprias para menores infratores, que busquem uma reeducação rígida e atividades disciplinares como ações sociais realizadas pelos infratores, tendo em vista a reintegração de jovens honestos a sociedade. Porque como Darcy Ribeiro disse, é preciso construir escolas hoje para não ter que subir presídios amanhã e, só assim, faremos como que "Cidade dos Homens" não seja mais um retrato da realidade.