No Brasil a violência é um fato social correntio nas relações cotidianas do Estado com as populações menos favorecidas da sociedade. Desta forma, a criminalidade entre os jovens representa uma consequência lógica da opressão praticada pelo poder público. A formação da sociedade brasileira deu-se de forma autoritária, ou seja, manda, quem possui recursos econômicos ou força repressiva, e hierarquizada, em que a população mais pobre encontra-se na base da pirâmide hierárquica, sem representação expressiva nas decisões do Estado e subjugada aos interesses da elite brasileira. Contudo, no clássico “ Do contrato social de Rousseau, o Estado representa um pacto entre os indivíduos, que abrem mão dos privilégios pessoais em prol da liberdade pessoal e bem-estar de toda a comunidade. No caso brasileiro, a ruptura do contrato exprime-se na incapacidade do poder público em garantir os direitos da maioria da população, como acesso à educação e cultura de qualidade, saúde, segurança e tratamento digno dos entes públicos ao indivíduo independente de raça e classe social. A violação do pacto representa sem dúvida o maior ato de violência em voga no país. Sem proteção e sem garantia da preservação dos seus diretos, a população excluída rompe com a sociedade e assim vê se impelido a satisfazer suas necessidades através da força, como não possuem o poder econômica, fazem a partir da força bruta. Por isso, a incidência crescente dos crimes cometidos pelos jovens revela a ausência de empatia perante os membros da comunidade, bem como a reação impulsiva, coerente com essa fase da vida, e instintiva de preservação de seu direito de posse e de enfretamento de uma longa política repressiva. Logo, a violência dos jovens brasileiros é principalmente uma resposta à coação diária sofrida por eles e para reverter esse quadro urge-se que o Estado crie políticas inclusivas, a fim de integrar na sociedade todo o potencial humano perdido para crime. Uma política essencial a ser criada é o desenvolvimento de educação de qualidade, inclusive nos estabelecimentos de detenção juvenil, aliados a prática constante de esportes. Outra política importante é a mudança de estratégia do poder público em relação às comunidades carentes, em que, ao invés da repressão, instituir ações visando melhorar a qualidade da comunidade com eventos culturais, serviços gratuitos na área de saúde e apoio psicológico.