Em dezembro de 2010, iniciou-se na Tunísia o que viria a ser um dos mais intensos movimentos políticos da história. A Primavera Árabe, responsável pela derrubada de inúmeros ditadores do Oriente Médio, foi assombrosamente organizada através da redes sociais. Assim, percebe-se a internet como ferramenta capaz de instituir novas concepções sobre o mundo, gerando impactos sociais e culturas que devem ser discutidos. É preciso destacar, antes de tudo, o caráter multilateral do "cyberativismo". Veículos como a televisão, perderam a autoridade, antes claramente estabelecida, enquanto o indivíduo comum passou a ter maior autonomia e velocidade para propagar ideias sobre determinada causa. Além disso, com o advento da comunicação em massa. pessoas de diferentes classes sociais podem interagir em um mesmo debate, o que não era possível ate então. Desse modo, as redes sociais deram uma licença significativa para a criação de movimentos em prol de ideais, o que apresenta grande relevância para o exercício da democracia. Entretanto, é preciso atentar para as formas de engajamento parciais e medíocres. De acordo com o sociólogo polonês Zygmmut Bauman, vive-se a era dos valores fluidos. Tal perda de solidez e força é exemplificada nas atitudes de indivíduos que optam por permanecerem frente a um computador, envolvendo-se em discussões supérfluas e meramente fúteis. Pior ainda é a influência exercida pela exposição desmedida das redes, fazendo com que pessoas acatem determinado pensamento, sem o mínimo de questionamento prévio e senso crítico. Reforçando, assim, a resignação e passividade do "homem cordial" brasileiro, retratado por Sérgio Buarque de Holanda. Torna-se evidente, portanto, que a internet pode ser uma poderosa ferramenta, se usada de maneira coerente. Como gritava os cartazes das Manifestações de 2013: "Nós somos as redes sociais", desse modo, é fundamental que a educação e a ética esteja presente nesse meio. Para isso, as escolas devem incentivar a educação virtual e conscientizar os jovens sobre a importância do bom uso da rede. A mídia, como formadora de opinião, precisa apoiar movimentos de natureza democrática e destacar seus resultados positivos. Só assim, vislumbraremos uma sociedade harmônica em que, finalmente, todos terão liberdade para interagir de forma benéfica.