A revolução técnico-científico-informacional ocorrida no fim do século XX proporcionou ao mundo novos elementos nunca antes vistos. As distâncias foram encurtadas, as fronteiras esmaeceram e o contato entre as culturas intensificaram. Assim, surge a internet como símbolo dessa mudança e consequência das recentes configurações da sociedade, tornando-se também, um mecanismo de adaptação dos indivíduos ao novo contexto. O sociólogo Zygmunt Baumman denomina essa conjuntura de "Modernidade Líquida", no qual, não se valoriza o permanente, mas sim, o temporário. Assim, o mundo está acentuadamente fluido e interconecto, o que possibilita a interação dos indivíduos suprimidos pela escassez de tempo, pela longa jornada de trabalho ou pelos fluxos pendulares dos grandes centros urbanos. A Primavera Árabe — conjunto de movimentos reivindicatórios pela liberdade e fim de Ditaduras no Oriente Médio — é um exemplo dessa nova forma de organização popular, sendo uma prática recorrente em todo o globo. Dessa forma, as redes digitais tornam-se um caminho de repercussão cultural, política e social, além de ser um forte aliado na busca do sentimento de identidade para com um grupo. No Brasil, essas características se manifestam nas mais variadas formas, seja nos protestos ocorridos em junho de 2013 ou na crescente formação de grupos feminista, contribuindo para o desenvolvimento do caráter participativo da sociedade, sendo portanto, um outdoor das ânsias de uma população carente das gestões públicas e de práticas que tornem a vida digna. Percebe-se, portanto, que as redes digitais foram o viés encontrado pela população pós-moderna para continuar o ativismo social e a repercussão política frente um mundo fluido e globalizado. Para que essa prática tenha efetividade e não seja apenas uma nuvem virtual, é preciso aliar as discussões digitais ao caráter pró-ativo característicos de movimentos de outros períodos históricos. Desse modo, torna-se necessário a formação de passeatas e encontros organizados pelos próprios grupos virtuais, semelhante ao que ocorreu na Primavera Árabe. Ainda assim, é preciso que as instituições de ensino preparem os jovens a essa sociedade fluída e cada vez mais globalizada, instituindo discussões com caráter cultural, social e político nas disciplinas de humanas, como a geografia e a sociologia.