Há algumas décadas, caso quisesse engajar-se na luta por determinada causa social, uma pessoa precisaria ser deveras mais entregue e presente, sentir o calor das multidões e subir de forma heroica e corajosa em palcos e palanques, diante da presença soberana daqueles os quais gostaria de convencer. De fato, os tempos são outros, esta forma pessoal de ativismo perde, a cada dia, espaço para aquele que denominados ativismo virtual. Este, intenso e inovador, acaba por substituir o antigo heroísmo por rapidez e eficiência na luta pela defesa de uma ideologia. São muitos os exemplos deste fenômeno ocorridos nos últimos anos: um jogador de futebol famoso, ao sofrer racismo, de repente vê a campanha ''Somos todos macacos'' espalhar-se na rede, ganhando repercussão internacional e contando com a participação de milhões de pessoas, inclusive celebridades, unidas na luta contra este tipo de preconceito; um programador de computadores genioso e dinâmico, ao perceber a homossexualidade de um de seus funcionários, lança um aplicativo para colorir as fotos de perfil em sua rede social, o movimento logo abraça o mundo e ganha uma legião de adeptos antagonistas à homofobia... Aparentemente, no cyberespaço, toda luta social é uma bomba relógio pronta para explodir. Além de tudo, vale ressaltar também que esta atividade não se restringe ao campo sócio-cultural: ela possui muitas vezes um caráter político e humanista, seja na luta pela legalização do casamento homoafetivo em determinado país, por exemplo, ou até na convocação para um manifesto contra o regente governo. E mais do que apenas exibicionista, o ativismo virtual mostra-se eficaz e importante para a sociedade moderna, atentando os líderes políticos de diversas nações para causas como morte de imigrantes na batalha para fugir de um país em guerra, terrorismo e discriminação. Por fim, apresenta-se clara a necessidade de incentivo e divulgação desta forma integrada de engajamento, onde o mesmo não é feito por uma ou duas pessoas, mas pela sociedade civil como um todo, de forma coletiva e democrática. Assim, para dar voz a um número cada vez maior de pessoas, é imprescindível a promoção de programas governamentais que levem conexão barata com a rede mundial de computadores a regiões mais carentes e remotas do país. Pois agora, mais do que nunca, as revoluções dependem de nós.