Em 1808 a corte da família real portuguesa é transferida para o Brasil, a partir dela fundou-se, dentre outras instituições, a Biblioteca Nacional, o Museu Real e a Academia de Belas Artes, dando estímulos para a produção artística e cultural no país. Contudo, na contemporaneidade brasileira, o acesso a esses meios é eletivo e restrito a uma parcela privilegiada da população. Diante disso, convém analisar a questão e a persistência da problemática. Cabe apontar, em primeira instância, que a interação com os meios artísticos não é democratizada no Brasil. Nesse sentido, o brasileiro se encontra pouco integrado nessas manifestações, muitas vezes, pelo fato da presença em teatros, cinemas e museus demandar certo poder aquisitivo, além desses locais estarem concentrados em capitais e grandes cidades, evidenciando o fato de, segundo dados do IPEA, 70% da população nunca ter ido ao cinema. Sob esse viés, tudo isso priva grande parte da sociedade, ferindo o direito constitucional ao alcance a cultura, educação e ciência. Desse modo, percebe-se a gravidade da situação, precisando ser corrigida. Todavia, existem percalços que permitem essas circunstâncias. Nessa perspectiva, observa-se os altos preços e a dificuldade de acesso, em que, para muitas pessoas, seriam necessárias longas viagens para frequentar um cinema ou exposição. Paralelo a isso, há, também, o incentivo pouco expressivo do governo na democratização da cultura. Dessa maneira, intervenções são necessárias, uma vez que, para o sociólogo Durkheim, a sociedade é como um “corpo biológico” com partes interagindo. Assim, qualquer desequilíbrio, como a privação a essas expressões humanas, é maléfico a todo o “organismo”. Fica claro, portanto, que criação cultural é restritiva no Brasil. Sendo assim, o Ministério da Cultura deve instituir ações afirmativas, permitindo desconto no acesso a cinemas, teatros e museus para pessoas já cadastradas em programas sociais, como o "Bolsa família". Além disso, precisa incentivar financeiramente a criação desses espaços em pequenas cidades. Tudo isso com fito de democratizar e permitir a integração das populações marginalizadas em relação às manifestações artísticas. Ademais, a mídia pode, utilizando de novelas, séries, filmes e documentários estimular a busca da grande massa por essas produções.