Desde o período colonial, somente pessoas das classes mais abastardas e das famílias mais ricas, nobres, poderiam ter acesso a apresentações artísticas e culturais no Brasil. No entanto, mesmo com o passar do tempo, essa situação pouco se alterou, pois, ainda hoje o brasileiro é impedido de ter acesso a questões culturais tanto pela situação financeira como pela seletividade cultural que a sociedade impõe, ofuscando culturas tidas como menos atrativas e direcionando os holofotes para aquelas consideradas mais lucrativas. No viés do entretenimento cultural, é relevante destacar que, mesmo que o Brasil possua muitos cinemas, um razoável número de teatros entre outros, os custos para se assistir a um filme ou um espetáculo é relativamente grande para um país de quase 15 milhões de desempregados. Diante disso, outras formas culturais mais baratas como o circo, conseguem levar apresentações a classes mais baixas. O intuito governamental deveria ser que, ricos e pobres possam ter acesso e condições para qualquer apresentação cultural, pois, é seu patrimônio, um bem brasileiro. Em consonância a isso, a seletividade cultural imposta pela mídia capitalista faz com que cada vez mais as pessoas não possuam interesse por manifestações culturais. Adorno e Horkheimer denominaram isso de “indústria cultural”, onde a população é direcionada para uma cultura capitalista, que visa o lucro em detrimento dos seus hábitos e suas tradições culturais. A exemplo, tem-se a grande ansiedade que houve no nordeste pela estreia do novo filme da Marvel, enquanto já quase nenhuma cidade realiza o festival “bumba meu boi”, típico da cultura regional. Torna-se evidente, portanto, que o infortúnio necessita de políticas públicas para ser amenizado. O Ministério da Cultura deve fornecer para pessoas beneficiadas com o bolsa família, descontos em cinemas, teatros e em livrarias, pois esses possuem condições financeiras menos favorecidas para ter acesso a essas produções. Somado a isso, o MEC deve assegurar a realização de festivais nas escolas sobre manifestações culturais regionais, feitos pelos próprios alunos como forma de tomar conhecimento destas e valorizá-las, evitando que sejam esquecidas e proporcionando acesso a todos.