Título da redação:

O saber cultural restrito

Tema de redação: O acesso à produção cultural em questão no Brasil

Redação enviada em 06/09/2017

O Renascimento foi um período marcado pela forte produção cultural e artística e o acesso a essas produções, desde sempre, esteve restrito a uma pequena parcela privilegiada da população. O mundo globalizado permitiu, com a difusão rápida de informações e com o desenvolvimento tecnológico, que mais pessoas tivessem acesso às manifestações artísticas, porém, a desigualdade social e econômica e a falta de estímulo governamental impedem um contato pleno com as diversas formas de expressões culturais, o que indica uma necessidade de reavaliação dessa questão. A indústria cultural existente reproduz e vende conteúdo popular objetivando apenas o lucro e não a formação sócio-cultural do indivíduo que a consome e esse fato foi chamado de perda de consciência individual, por Adorno e Horkheimer. A temática trabalhada pelos sociólogos remete a padronização dos gostos, principalmente acerca daquilo que é vendido hoje pelas empresas de comunicação, e é o que dificulta o contato de grande parte das pessoas com uma produção cultural crítica, ou seja, aquela que visa proporcionar uma reflexão e uma digestão do que se está consumindo. É visível que os brasileiros tendem a não valorizar o conteúdo artístico erudito, embora possuam em seu país uma grande diversidade e quantidade de centros históricos, museus de línguas, teatros e pinacotecas. Assim, fica evidente que historicamente a população do Brasil não foi estimulada a consumir ou produzir conteúdo cultural diferente daquele oferecido pelas indústrias de massa. Além disso, é importante ressaltar que o complexo de vira-lata da sociedade brasileira, segundo o escritor Nelson Rodrigues, faz com que ela se diminua, voluntariamente, em face do mundo e isso justifica a não busca pelas construções artísticas nacionais. O contato efetivo de uma grande parte da população desfavorecida de recursos com a produção cultural diversificada no Brasil é um ideal utópico e por isso evidencia a necessidade de uma reversão nesse quadro. A fim de aumentar esse contato, e até mesmo o incentivo, o governo federal, em parceria com o MEC, poderia introduzir nas escolas públicas programas como oficinas de teatro, de pintura e de escrita, que são atividades que estimulam o interesse por feitos artístico-culturais que fogem do padrão vendido pela indústria cultural. Ademais, prefeituras podem oferecer ainda bolsas auxílio a projetos e programas de cunhos culturais. Dessa forma, espera-se que as produções culturais se tornem mais acessíveis e tenham um maior alcance dentro do país.