Renda. Social. Racial. São muitas as desigualdades discutidas em nosso país, e ainda mais numerosas as ignoradas. A desigualdade cultural, entendida como a desigualdade no acesso a bens culturais, como livros, cinema e shows, recebe pouca atenção, mas é um problema com graves consequências e que se relaciona diretamente com as demais. O livro é um objeto estranho ao brasileiro. Uma pesquisa publicada pela FECOMÉRCIO – RJ mostrou que, no ano de 2014, mais de 70% da população não havia lido sequer um livro. Seja pelos altos preços (o Brasil é o quarto no Ranking de países com preços de livros mais elevados) ou pela falta de tradição, o livro é lido aqui apenas por uma minoria abastada, o que cria um abismo informacional entre os diversos grupos que compõem o país. Além da leitura, encontram-se os museus e as galerias de arte, locais desconhecidos de 93% dos brasileiros, segundo o IBGE. Nesse caso, no entanto, existem outras justificativas: Museus não são muito numerosos no país e se concentram nos grandes centros urbanos. Aqui, a desigualdade social faz novamente seu papel: muitas vezes, o morador do interior não dispõe de recursos para a viagem e visita ao local desejado. Assim, pode-se inferir que a desigualdade cultural é uma outa desigualdade que precisa urgentemente ser combatida. Gerada pela desigualdade social e mantida por falta de incentivo econômico e comportamental, a falta de cultura afeta as vidas de milhões de brasileiros. O problema pode, apesar disso, ser resolvido com uma ação conjunta do governo, das escolas e da família. O primeiro deve subsidiar o acesso à cultura, por meio da expansão e criação de novos programas como o Vale Cultura, ao passo que a escola deve oferecer livros para estudantes e promover discussões, a fim de criar interesse na leitura. À família, por fim, fica reservado o papel mais importante: permitir que os jovens tenham tempo de usufruir da cultura.