Ter acesso à cultura, no Brasil, é algo extremamente penoso para grande parte da população. Assim, seja a falta de acesso físico ou, ainda, intelectual mostram-se como entraves. Contudo, tal cenário deve mudar na medida em que é indubitável a relevância da cultura para a formação e consolidação de um povo e, até mesmo, para provocar mudanças em um país, como já afirmou o sociólogo brasileiro Betinho. É importante salientar que o espaço físico revela-se como uma primeira dificuldade ao acesso cultural no Brasil. Há, pois, uma disparidade nas oportunidades de acesso aos meios culturais que, segundo pesquisa do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas –, encontram-se concentrados nas capitais e na região sudeste do país, sendo que mais de 90% dos municípios não possuem cinema e mais de 80% não têm museus ou teatros. Dessa maneira, munícipes de regiões interioranas precisam ter um gasto financeiro para conseguirem deslocar-se até um espaço cultural que não condiz com a realidade salarial dos brasileiros. Todavia, o difícil acesso à cultura também se dá por meio dos obstáculos intelectuais. Aliás, até 2016 o ensino das artes nas escolas era facultativo, o que revela que há uma grande parcela atual da população com defasagem nesse assunto. Entretanto, há importância em se entender as manifestações culturais visto que elas podem ser usadas para criticar uma realidade insatisfatória, como foi o caso do Tropicalismo no período ditatorial, ou como forma de construir uma identidade nacional, vide o modernismo, interferindo, então, no modo de pensar e agir de muitas pessoas e fortalecendo a identidade de um povo. Destarte, mesmo que uma pessoa tenha acesso à arte, o fato de não conseguir compreendê-la não faz com que haja um acesso efetivo à cultura. É indispensável, logo, que a cultura tome um lugar de destaque na sociedade. Cabe, portanto, às Secretarias de Educação, orientadas pelos Ministérios da Cultura e da Educação, propor às escolas que realizem eventos culturais ministrados pelos alunos, com palestras e encenações teatrais e que sejam abertos à comunidade para que a população tenha contato com as artes. Ademais, ONGs engajadas com o assunto podem pedir o acesso à locais como salões de igrejas e pátios de escolas aos finais de semana para abrir oficinas de produção cultural, além de ajudarem àqueles que desejam produzir arte a conseguirem investimentos privados para isso.