De acordo com o pensamento do filósofo francês, Claude Levi-Strauss, a interpretação adequada do coletivo ocorre por meio das forças que estruturam a sociedade, como os eventos históricos e as relações pessoais. Esse panorama auxilia na análise da questão sobre moradia social, visto que a comunidade, historicamente, não presta o devido auxílio aos desabrigados, o que promove a falta de apoio da população e do Estado para com essa minoria. Com isso, surge a problemática dos sem-teto, que permanece intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pelo descaso governamental na cidade, seja pela falta de oportunidades no campo. É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme o ícone americano na luta por direitos dos negros, Martin Luther King, a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, muitas famílias são injustiçadas, pois se encontram em situações alarmantes, vivendo na rua ou embaixo de pontos e viadutos. Nessa perspectiva, embora o direito à moradia esteja previsto na Constituição de 1988(Cidadã), essas pessoas são privadas dessa conquista, mesmo que existem inúmeros prédios abandonados, como por exemplo no Rio de Janeiro, em que, segundo dados da prefeitura, há mais de 5 mil imóveis inutilizados. Cabe salientar, outrossim, a falta de espaço no campo como impulsionadora do problema. Essa problemática tem origens na Revolução Industrial com o cercamento dos campos e atualmente com a Revolução Verde, que, por um lado trouxe máquinas, automação, desenvolvimento de venenos e espécies biologicamente modificadas, de outro, trouxe o desemprego e recrudesceu a concentração fundiária. Nesse cenário, famílias buscam alternativas na cidade - corroborando para a falta de moradia social para todos- ou buscam auxílio no Movimento dos Sem Terra(MST) para reivindicar seus direitos. Sendo assim, é necessários que o Governo, em parceria com instituições privadas engajadas socialmente, financie projetos habitacionais nas cidades, através da disponibilização de prédios que estejam ociosos e abandonados e na criação de albergues para abrigar temporariamente aqueles que estejam em situações precárias de moradia social. Ademais, é extremamente necessário que o Estado faça uma reforma agrária justa para o proprietário, visto que o Brasil possui uma das maiores concentrações fundiárias do planeta, com o intuito de mitigar a falta de oportunidades e espaço para as pessoas que querem viver e trabalhar no campo.