Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: A mobilidade urbana no Brasil

Redação enviada em 10/04/2017

Nas abordagens de Aldous Huxley acerca do tecido social moderno, o escritor destaca que “todo excesso traz, em si, o germe da autodestruição”. Certamente, esse pensamento representa, com propriedade, as consequências da excessiva integração contemporânea, que, de fato, evidencia os problemas árduos que envolvem a civilização avançada. Por isso, quanto maiores os avanços, mais suscetível à autodestruição estará a sociedade. Realmente, hoje, o Brasil, mesmo tendo se desenvolvido e alcançado posições consideráveis mundialmente, como a entrada no BRICS e a participação no G20, ainda não faz jus ao lema "Ordem e Progresso" ao vivenciar empecilhos na mobilidade urbana. Isso mostra que a modernidade induz a um falso pensamento de evolução. O sistema global moderno, intensificado através do estabelecimento da Nova Ordem Mundial, teve seu discurso evolutivo rompido no momento em que estabeleceu na contemporaneidade desafios sociais que ameaçam o progresso da nação. Nesse sentido, partindo do lamentável desafio na mobilidade urbana, infere-se que o aumento exponencial do contato entre diferentes povos e costumes, proveniente da intensa multinacionalização, contribuiu para a consolidação de ideais capitalistas no país. Isso comprova o estudo da "herança social" teorizado por Weber, pois há, hoje, uma sociedade brasileira enraizada em convicções consumistas. Dessa forma, os cidadãos crescem influenciados a consumirem cada vez mais e, sendo assim, inúmeros problemas se tornam realidade, como a dificuldade de deslocamento em meios urbanos devido ao elevado número de automóveis. Assim, o fato de o Brasil ser um país com altos índices de engarrafamentos, fazendo com que a população perca muito tempo no trânsito, retrata a atuação das paradoxais engrenagens de Victor Hugo, na qual o progresso, ao rodar sobre duas engrenagens, gira sempre esmagando algo. Diante disso, seria a integração um caminho ao retrocesso? Nesse contexto, é válido ressaltar a decadência na sociedade proveniente desse desmoderado encadeamento populacional, que, de fato, alimenta a ocorrência de problemas na mobilidade urbana, muito bem retratada no documentário "O mundo global visto do lado de cá". Desse modo, a saúde dos brasileiros toma pauta. Partindo do estresse gerado nos engarrafamentos, a população se torna vulnerável aos problemas de saúde. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que os indivíduos que passam mais de 2 horas diárias em congestionamentos são mais passíveis de desenvolverem depressão. Ademais, o Ministério da Saúde destaca que os engarrafamentos possuem um relevante papel nas crises atuais de ansiedade. Como se não bastasse, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) indica que um dos motivos de o infarto ser predominante nos grandes centros, é devido ao problema no deslocamento urbano desses locais. Logo, é inegável que, parafraseando Bauman, o conceito de progresso evidenciado pela modernidade está totalmente deturpado. Fica evidente, portanto, que os entraves na mobilidade urbana do Brasil configura-se como um problema na sociedade. Para este mundo globalizado, é imprescindível a adoção da sociologia de Gilberto Freyre, a Educação Social, para aquisição de novos valores e mudança de comportamento. Os institutos de tecnologia podem desenvolver aplicativos para celulares –já que são hoje um instrumento de longo alcance- com mensagens e textos informativos sobre a importância do consumo consciente. Campanhas em empresas e locais de trabalho também são eficazes. Além disso, Centros de Apoio à Saúde devem ser criados a partir da ação dos próprios cidadãos em parceria com os órgãos municipais, no intuito de amparar as vítimas da problemática vigente. Por último, o poder judiciário deve formular políticas de rotação automotiva em todo o país. Dessa maneira, o Brasil desmistificará a hipocrisia no lema nacional e estará apto a real ordem e progresso.