No poema “O Mapa”, Mário Quintana compara a cidade de Porto Alegre , cheia de ruas e avenidas, com a anatomia do corpo humano. Tal relação aplica-se também aos mais diversos centros urbanos brasileiros, que, atualmente, enfrentam “problemas fisiológicos” inibidores do fluxo de veículos e pessoas. Essa inconveniente situação, ocasionada pela falta da adesão necessaria entre governo e sociedade para solucioná-la, fere o direito de ir e vir inerente a todos os cidadãos e compromete o funcionamento da cidade. A Constituição de 1988 confere, formalmente, a possibilidade de cada brasileiro deslocar-se de um lugar a outro sem qualquer impedimento. No entanto, o aumento do número de automóveis , os constantes congestionamentos e a ausência da infraestrutura urbana necessária para a movimentação de indivíduos por outros meios de transporte diferentes de carros e motocicletas, impedem um livre e prático fluxo de pessoas nas cidades. Assim, é evidente a necessidade do fornecimento, por parte das entidades municipais , de medidas para amenização do estresse viário ocasionado pelo acréscimo na frota de veículos. Não só o poder público mas também a população em geral tem importante papel no reestabelecimento no funcionamento adequado das vias de transporte intra-urbano. Através de simples ações como a preferência pelo uso do transporte público ou bicicletas, a sociedade pode contribuir para a melhoria do problema da mobilidade urbana- descrito pelo cientista econômico Willian Vickrey como um dos que mais desperdiça tempo e recursos públicos. Desse modo, cada cidadão, à semelhança do que já ocorre nos países europeus onde a cooperação entre governo e sociedade a favor da dinamicidade se faz presente, tem atribuição essencial no funcionamento da malha de transporte das cidades. Dessarte, para que o problema da mobilidade urbana não venha a impedir o pleno funcionamento do metabolismo urbano ou cercear a liberdade de trânsito inerente a cada indivíduo, é necessária uma colaboração conjunta entre o público e o individual. Tal união de esforços se daria por meio da atuação do governo municipal - através da construção de ciclovias e calçadas amplas aliada à melhoria estrutural do transporte público- , e do comprometimento da sociedade com a adoção de atitudes visando amenizar o número de automóveis nas vias.