Em pauta atualmente, a mobilidade urbana da sociedade brasileira tem sido alvo de inúmeras críticas, as quais visam apontar falhas dos sistemas quebrados de transporte público e planejamento urbano, que são um empecilho na busca pela qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. O direito de ir e vir com seus bens é garantido pela constituição brasileira com o objetivo de assegurar o princípio constitucional da igualdade, mas esse é só mais um dos deveres do Estado que foram ignorados por seus governantes. O meio urbano então, passou a ser um ambiente de difícil acesso, sobrevivência e convivência para os cidadãos, sobretudo, para aqueles pertencentes à grupos periféricos. A superlotação e má qualidade do transporte público estimula as classes média e alta a adquirir meios privados de locomoção no âmbito urbano, fazendo com que o trânsito seja congestionado pela quantidade de veículos. A ineficiência do Estado em controlar a qualidade do transporte público resulta portanto, em afetar às classes sociais mais baixas, que acabam por ter essa como única alternativa de locomoção na cidade, e às classes mais altas, que são obrigadas a enfrentar engarrafamentos duradouros devido à quantidade de carros e motos na rodovia. O problema de mobilidade urbana, que se dá tanto pela deficiência no planejamento do município quanto pelos graves e, aparentemente permanentes, problemas do transporte público, é ferramenta chave para a segregação de certos grupos, e a negação desses grupos às ferramentas de cidadania, cultura, economia e consumo que só podem ser acessados na polis. Reparar essa injustiça social é urgente, e deve ser executada cautelosamente através da implementação de políticas públicas de planejamento urbano:reforma de áreas precárias da cidade e/ou realocação de seus moradores e investimento em estrutura rodoviária. É necessária também a reforma do transporte coletivo, tornando-o mais confortável, bem-estruturado e popular. A construção de vias específicas para esse tipo de condução é imprescindível nesse processo, uma vez que faria da sua locomoção mais rápida, segura, e portanto, eficiente. Unidas, essas políticas são poderosas para efetivação do direito cidadão de ir e vir e, consequentemente, para a garantia da igualdade de oportunidades e cidadania.