Na animação Xuxinha e Guto Contra os Monstros do espaço, há uma bem-humorada crítica ao problema do lixo no Brasil; onde dois alienígenas de um planeta longínquo pousam num córrego em busca de detritos, sua fonte de alimento, e acabam se tornando terríveis ameaças graças a quantidade de “comida” encontrada. Fora dos cinemas, o consumo desenfreado, aliado a falta de políticas públicas eficientes revelam o completo despreparo do país quando se trata de enfrentar sua própria sujeira. Em virtude da industrialização do Brasil, iniciada no século XX, houve a ascensão do capitalismo selvagem, que consiste numa luta por mercados consumidores através de um marketing brutal. Auxiliados por seus caríssimos marqueteiros, as empresas bombardeiam os cérebros dos consumidores com propagandas gritantes e promoções e irresistíveis, estimulando o consumismo e apadrinhando a produção de bens desnecessários que só engrossam a assustadora estatística de que o brasileiro médio produz cerca de um quilo de lixo por dia. Dessa forma, o entulho descartado entre os anos de 2010 e 2014 foi cinco vezes maior do que a taxa de natalidade. Ademais, o Brasil revelou-se incapaz de lidar de maneira adequada com essa delicada questão, visto que, apenas no Nordeste existem cerca de 1600 cidades dependente de lixões a céu aberto para o descarte de detritos. O que, indubitavelmente, representa uma grande ameaça a população, uma vez que tais locais atraem ratos, moscas e mosquitos; vetores de doenças como leptospirose, diarreia e dengue. Fica claro, assim, a necessidade de ações com o fito de reverter esse quadro. O Senado Federal deve criar um projeto de lei que regularize e contenha o lucrativo jogo da propaganda através de punições ficais para as empresas que abusem de tal recurso. Bem como, o Ministério da Saúde deve fiscalizar as cidades e municípios próximos a lixões a céu aberto e penalizar as prefeituras nas quais o lixo esteja prejudicando a saúde da população. Bem como o MCT deve estudar a implantação de usinas de reciclagem que, em países como o Japão, são capazes de reutilizar até 99% dos materiais descartados.