Título da redação:

A sustentabilidade do lixo brasileiro

Tema de redação: Meios para o controle do excesso de lixo gerado no Brasil

Materiais:

Redação enviada em 13/09/2017

Uma das lógicas mais perversas do capitalismo contemporâneo, certamente, é a definição do homem a partir daquilo que tem poder para consumir. Inevitavelmente, torna-se inseparável a ele a sua relação com o produto industrializado e o seu rápido descarte. Apesar de configurar, hoje, uma das maiores adversidades da nossa História, a crise do lixo não precisa ser superada com a abdicação de todos os bens materiais, como fez Diógenes de Sínope; é necessária, apenas, a consciência, seja da comunidade, seja do poder público. Em primeiro lugar, devemos reconhecer que, há um tempo, a sociedade vem evoluindo por um caminho de conscientização. Desde a crise do fordismo e o advento das tendências contracultura, por volta de 1960, houve uma quebra gradual da lógica de consumo em massa, a favor da produção para mercados mais específicos. Coincidindo com os novos movimentos ambientalistas, desde então, observou-se, no geral, uma marcha pela regulamentação dos nossos impactos ecológicos - exemplificada, no Brasil, pela criação da Política Nacional do Meio Ambiente na década de 80 -, com o uso de novas tecnologias no processo. Assim, ampliaram-se significativamente as práticas sustentáveis de descarte, como a modernização de aterros e, sobretudo, a reciclagem. No entanto, esse processo histórico, além de muito lento, encontra-se ameaçado novamente, nos dias de hoje. Trata-se da profunda crise de Estado em que o país mergulhou, no início do milênio, na qual a desaceleração econômica e a ineficiência de uma máquina pública inflada tornaram inviável a sustentação da grande maioria dos serviços estatais, agravando o cenário socioeconômico do Brasil. Consequentemente, vivenciamos, hoje, o início de uma reversão dos projetos de sustentabilidade nos meios urbanos: a quantidade de materiais descartados irregularmente já cresceu em 1000 toneladas, desde o ano passado, segundo pesquisas. Além disso, a recente situação de crise econômica brasileira sugere um descaso, por parte do governo atual, em relação à políticas ambientais. É imprescindível, portanto, a recuperação da perspectiva socioambiental no desenvolvimento brasileiro, apesar da crise. Os governos estaduais e prefeituras devem atuar na privatização de alguns desses atuantes, como a Comlurb, para a melhor gestão e controle dos aterros sanitários, assim como na redução de impostos a empresas que apresentem uma iniciativa de reutilização de resíduos, incentivando essa prática. Além disso, é importante a atuação do setor privado e do terceiro setor - por meio de ONGs, por exemplo - na promoção de gestos como o uso de embalagens "one way" em mercados, tanto como na pressão civil para que o governo atue na sustentabilidade de nossos recursos naturais.