Nos últimos anos, tem sido registrado um número cada vez maior de ocorrências de linchamentos, ato no qual cidadãos comuns tomam para si o direito de sentenciar alguém que culpam. Estes “justiceiros”, embriagados pela sede de vingança, em verdade, agem de forma imprudente e irracional, assumindo um papel que não lhes cabe, sujando suas mãos com os mesmos crimes que, outrora, culparam outro por cometer. Tais atos são, em geral, causados pelo sentimento de impunidade que acomete as pessoas. Isso é esperado em um país de leis e justiça falha e desmoralizadas, onde a atuação do judiciário, conferindo julgamentos e punições, não ocorre de modo apropriado, deixando criminosos a solta – ou a mercê de uma sociedade revoltada. Assim, há, ainda, um aumento constante da violência nas cidades que, usualmente, apresentam políticas de segurança insuficientes para proteger a população, ferindo-lhes o direito de ir e vir em segurança. Além disso, essa “Justiça”, muitas vezes, banha de sangue inocente as mãos dos vingadores. Em 2014, por exemplo, ao passar por um bar que acabara de ser assaltado, um professor de história fora brutalmente espancado, e só conseguiu se libertar quando, após acalmar os revoltosos o suficiente, um dos bombeiros pediu-lhe que desse uma aula sobre Revolução Francesa. Apenas assim conseguiu sair dali – por sorte, vivo. Este é apenas um dos milhares de casos de “engano” da insana busca por justiça, que torna cada vez mais as pessoas em criminosas, quando, efetivamente, lutavam pelo contrário. Visto isso, é de necessidade imediata a adoção de práticas que visem a diminuição de tais atos. Para isso, é aconselhável uma maior presença e velocidade do Judiciário, com o cumprimento rígido das leis. Ainda, que o governo exija que as cidades adotem práticas eficazes de segurança, como, por exemplo, aumentando o número de policiais para atender a população. Deste modo, a sociedade dará um importante passo em direção à sonhada justiça.