Título da redação:

Justiça se faz com a justiça

Tema de redação: Justiça com as próprias mãos: o impacto na sociedade brasileira

Redação enviada em 14/02/2016

A justiça com as próprias mãos tem-se mostrado um tema polêmico para a sociedade brasileira. Se por um lado, o ato do povo punir um indivíduo sem os mecanismos do poder judiciário pode levar ao julgamento de uma pessoa inocente; por outro, o Estado é ineficiente e parcial em cumprir o seu papel, levando a sensação da ausência de justiça e ao descrédito perante a população. O sentimento de justiça é inerente aos seres humanos, mas o ato de punir o outro sem passar pelos critérios de investigação e pelo poder judiciário é um retrocesso da evolução humana. É o retorno aos primórdios da civilização, na era antiga, no qual a lei de talião: olho por olho, dente por dente, prevalecia como regra de punição. Além disso, possibilita culpar uma pessoa que pode ser inocente, fazendo-se aumentar a injustiça e o que a torna um ciclo infindável. Em contrapartida, o Poder Judiciário que possui a legitimidade de sentenciar alguém que cometeu um crime e que possui técnicas e conhecimentos para saber quem é o culpado, se apresenta lento e parcial. Os casos judiciais podem levar anos para serem executados, somado a isso, essa instituição é parcial, privilegiando ricos e magistrados. Thomas Hobbes, pensador inglês, dizia: “o homem é inimigo do próprio homem”. Ele quis dizer que o ser humano possui potencial tanto para o bem quanto para o mal, especialmente quando procura o próprio interesse. Situação essa, que leva a população a não acreditar no poder público e que a direciona para a sensação de impunidade no país. Desse modo, o ato de se fazer justiça sem o uso apropriado das leis, pode levar ao julgamento de uma pessoa inocente. Não obstante, o poder público cumpre o seu papel de maneira ineficaz, causando descrença ao povo e aumentando nele a vontade de vingança com as próprias mãos. Para acabar com esse ciclo de injustiça é necessário mostrar à população que o único caminho de executar a punição é pelo poder judiciário. Aprendizado esse, que pode ser estabelecido com a educação e pelo exercício da cidadania. Em consonância a isso, o Estado precisa tornar-se ágil e punir os cidadãos de forma igualitária, independente de cargo ou classe social no qual o indivíduo pertença. Tais mudanças trazem legitimidade ao pacto social, estabelecendo o bem comum e a paz entre o povo.