Título da redação:

Justiça popular: o caos social

Proposta: Justiça com as próprias mãos: o impacto na sociedade brasileira

Redação enviada em 10/02/2016

O conceito de Justiça, alegoricamente representado pela figura de uma mulher vendada segurando uma balança, parte de dois princípios fundamentais: a imparcialidade e o equilíbrio entre os interesses de certo grupo social. A falta de um desses pressupostos põe em cheque qualquer postura supostamente “judiciária”, justamente o que vem ocorrendo na modalidade da “justiça com as próprias mãos” no cenário brasileiro. Primeiramente, há de se buscar uma causa para a existência de ocorrências tão avessas ao direito e à equidade. Uma análise geral da cultura brasileira expõe o culto à atividades violentas e avessas aos direitos humanos, como o bombardeio de massacres e de crueldades promovido pelos telejornais, além da atração por atividades que incentivam a carnificina, como o MMA. Além disso, a pouca influência do poder Judiciário e seus sucessivos fracassos auxiliam para a criação de um clima instável e violento, como o descrito por Thomas Hobbes antes da criação de um Contrato Social. A partir dessas influências, instauram-se na mentalidade do brasileiro a desconfiança para com o Estado e a necessidade de atuação própria, assim como previa o autor de O Leviatã com a célebre frase “o homem é lobo do homem”. O problema dessa postura individualista é justamente o comprometimento do que se convém chamar de Justiça, culminando no desrespeito aos direitos humanos e na ciclicidade do comportamento selvagem e hostil (já que não se deve combater a violência com mais violência). Caos social e aumento das taxas de criminalidade e de homicídio não são menos do que esperados durante a vigência desse modelo. Diante da instabilidade promovida pela vingança popular, faz-se necessária a articulação de um conjunto de decisões e medidas que busquem atenuar os efeitos do panorama de injustiças vivido no Brasil: a valorização do poder Judiciário e sua colocação num patamar superior aos outros poderes, tanto do ponto de vista administrativo quanto organizacional e salarial; a veemente punição dos casos de impunidade e de vingança, ambos realizados por instituições estatais, e a regulação governamental das mídias de modo a conter a influência da onda de sangue na qual a sociedade se banha atualmente. Erradicar-se-ão, assim, causa e consequência da injustiça popular.