Émile Durkheim descreveu o estado de anomia como um estado em que a sociedade não funciona harmoniosamente, sem regulamentação social, sem leis e objetivos. Para esse, o estado de anomia gera desvios comportamentais como a agressividade. No Brasil, devido à crise política e econômica, a má administração estatal e a ineficácia da justiça, vivemos em anomia. Chegamos a tal situação que muitos cidadãos, desacreditando da eficácia do Estado, passam a acreditar que a única solução é a justiça com as próprias mãos. Ato esse que mesmo sendo compreensível, afinal, se o Estado não cumpre seu dever, alguém tem de cumprir, não é a melhor solução. Os tribunais de rua, diferentemente do sistema jurídico, não respeitam os direitos humanos e nem a razão, seus julgamentos são baseados em achismos e ódio, sem analisar o contexto e a proporcionalidade entre crime e sentença, apenas almejando a punição e a vingança e não a ressocialização do indivíduo, andando na contramão da ciência e da sociedade contemporânea. Além do desrespeito para com os direitos humanos, os tribunais de rua provocam uma maior sensação de caos e medo, intensificando o estado de anomia, gerando irracionalidade e insatisfação da população, que por sua vez age de forma instável e volátil, provocando uma instabilidade política, econômica e social, que em casos extremos podem acarretar uma guerra civil como na Síria. Portanto, a melhor opção não é competir com o Estado, mas sim cobra-lo por meio de greves, protestos e votos bem pensados, evitando assim a instabilidade política, econômica e social que um povo volátil pode causar e ao mesmo tempo pressionando as autoridades para que essas tomem alguma atitude.