Julgamento, punição, humilhação, pessoas acorrentadas, espancamento e até morte: acontecimentos que se assemelham à escravidão vivida no Brasil colonial estão sendo reproduzidos com os infratores dos dias atuais. Reflexo de uma sociedade que vive em um estado de violência, a justiça com as próprias mãos é um modo criminoso que muitos cidadãos brasileiros veem para se defender. A demora do sistema judiciário em julgar casos criminais e o sistema de segurança público falho no Brasil fazem com que parcela da população procure uma forma de proteção e reação aos crimes: os chamados "justiceiros" assumem os papéis judiciário e policial julgando e punindo infratores. Assim, mantém-se o ciclo da violência, visto que um ato agressivo - nesse caso do infrator - vai gerar outro - dos justiceiros -, e então essa continuidade gerará o estado de violência em que haverá uma permanente sensação de insegurança. Paralelo a isso, o cidadão que diz buscar a justiça, ao julgar e penalizar suspeitos criminais, não faz nada além de feri-la, pois esses atos são um atentado aos Direitos Humanos e uma quebra de leis que defendem o direito de julgamento pelo sistema judiciário. Além disso, o ser humano tem se tornado cada vez mais insensível aos sentimentos alheios; no livro "Cegueira moral", Zygmunt Bauman discursa sobre tal insensibilidade que é fundada através do que é conveniente ao próprio interesse do indivíduo, o que é facilmente identificado nesses indivíduos que praticam a agressividade e esquecem a empatia. É visto, portanto, que assumir as funções que cabem aos órgãos públicos não é um caminho viável, é necessário que a população reivindique dos governantes melhorias na segurança publica e no sistema judiciário. Cabe ao governo, juntamente com a polícia, a tentativa de diminuir a criminalidade, estudando as áreas que mais ocorrem crimes e atuando sobre elas. Dessa forma, ocorrerá a alforria de uma sociedade que vive enclausurada que vive em um estado de violência.