A “justiça” com as próprias mãos é maléfica e injusta para a sociedade brasileira. O país passa por um verdadeiro retrocesso em que a antiga lei de Talião vigora sobre os indivíduos. Vale lembrar que vingança não é justiça e todas as pessoas têm o direito de serem julgadas objetivamente antes de qualquer punição. Segundo Émile Durkheim, fundador da escola francesa de Sociologia, a sociedade está acima dos indivíduos, moldando-os de acordo com padrões. Entretanto, quando esses padrões são quebrados, instaura-se a anomia. Esse processo resulta em um estado caótico em que as leis perdem as suas funções assim como muitas vezes acontece no Brasil, com o aumento da criminalidade e o eventual aparecimento de justiceiros. Além disso, a vingança feita por esses vigilantes é sempre injusta e muitas vezes emotiva, pois não leva em consideração um julgamento coerente e objetivo como ocorre no Sistema Judiciário. Essa brecha pode resultar em punição de pessoas inocentes como aconteceu em Guarujá quando Fabiane foi assassinada por justiceiros influenciados por boatos na internet. Dessa forma, a justiça com as próprias mãos não é uma opção e a responsabilidade de julgamento deve ser apenas do Poder Judiciário. Por isso, é preciso uma profunda reforma nas leis motivada pelo clamor popular em manifestações pressionando os deputados e senadores, já que eles são os responsáveis pela criação das normas. O equilíbrio das novas leis vão culminar em punições daqueles que ameaçam a sociedade sejam eles bandidos ou “justiceiros” para que a verdadeira justiça ocorra.