A tentativa de fazer justiça própria por parte da população evidencia a descrença em relação ao Poder Judiciário do Brasil. Poder esse que, apesar das leis, ainda não consegue de maneira efetiva punir aqueles que infringem a legislação. Por consequência disso, pode-se observar a crescente revolta do cidadão comum diante das injustiças em sua sociedade. A obra “Vigiar e Punir” do sociólogo Michel Foucault relata de maneira crítica a forma de punição para infratores nas antigas sociedades. A utilização do suplício em locais públicos como forma de penalidade se contrapõe bastante com a justiça e assemelha-se a vingança. A justiça com as próprias mãos, muitas vezes por linchamento, é semelhante às antigas flagelações e foge da ideia de algo justo para a sociedade, deixando clara a incapacidade do cidadão comum de atuar no lugar do Estado como detentor das penas. Decerto, é função exclusivamente do Estado punir aqueles que desobedecem as leis. De acordo com os filósofos contratualistas, o Governo é construído para o bem estar comum da sociedade, a fim de garantir os direitos de cada indivíduo. Por isso, apesar da descrença em relação ao Poder Judiciário brasileiro, ainda pertence a ele o poder de julgar os que violam a legislação. Percebe-se que para a solução desse cenário, necessita da atuação dos Poderes perante a sociedade. O Poder Executivo deve atuar com maior investimento na educação do país, como forma de afastar o indivíduo da criminalidade e conscientizar a população para não aplicar sua própria justiça, através de campanhas publicitárias propagadas pelos meios de comunicação. Além de uma atuação mais efetiva do Poder Judiciário diante dos crimes ocorridos no âmbito social. Assim, atuando juntos, pode-se obter uma população mais segura e consciente de seu papel.