Na última década, o Brasil tem suportado intensas violações de seu estado natural. As marcas da evolução têm dado sinais de alerta cada vez mais reflexivos. Estamos progredindo, de fato, só não se sabe em qual direção. Desde o primeiro PAC, as obras progressistas têm se tornado consecutivamente mais audaciosas e dispendiosas: Rodoanel de São Paulo, usina nuclear Angra 3, transposição do rio São Francisco, hidrelétrica de Belo Monte, etc. Os benefícios infraestruturais promovidos por essas obras asseguram aos brasileiros qualidade de vida, empregos em vários setores, além outras grandes oportunidades. Não obstante, os malefícios comprometem áreas de importância cultural, alteram biomas, além de reconfigurar a paisagem urbana, fragilizando estruturas geológicas, colocando em risco a população, tal como ocorrido com a barragem do Fundão em Mariana, MG, que devastou o município de São Bento. Além da morte de dezenas de brasileiros, de patrimônio cultural, e do Rio Doce, essa devastação, maior do gênero na história, compromete a confiança de investidores estrangeiros, expondo despreparo e ineficiência de empresas brasileiras prejudicando o país em transações futuras. Portanto, faz-se necessária a conciliação entre o progresso e a sustentabilidade através de debates mais eficientes com a bancada ambiental antes da aprovação de projetos de grande impacto. E simultaneamente, a criação de leis de fiscalização mais coercitivas, que incitem a prevenção de desastres e não a compensação.