O desastre de Mariana gerou para o Brasil consequências que vão além do imaginável. Além de danos ambientais e materiais, os danos sociais são considerados os mais preocupantes. O Brasil e suas autoridades precisam, com urgência, rever suas responsabilidades e seu conceito de cidadania. O rompimento da barragem da Samarco há quase seis meses foi responsável pelo dano praticamente irreversível de rios e lagos da região de Minas Gerais. Entretanto, além disso, a destruição do distrito mineiro de Bento Rodrigues foi, sem dúvida, a consequência mais devastadora do acidente. Um número incontável de mortos, além da grande maioria - senão a totalidade - da população desabrigada. Perdas e danos materiais podem ser supridos e substituídos, porém qual é o princípio ético a que se sustenta o fato de que se pode indenizar uma vida? Diretamente, não há dúvida de que o acidente foi responsabilidade da Samarco, entretanto, é bem provável que se não fosse a péssima fiscalização por parte das autoridades brasileiras nada disso teria ocorrido. Isso induz o Brasil a refletir a respeito de sua cultura, até que ponto seu costume de tirar vantagem em tudo com o menor esforço pode ser levado? Inúmeras vidas foram perdidas por conta de um simples descaso. Dessa forma, cabe a toda sociedade brasileira essa reflexão, é necessário ter em mente que essa cultura secular pode estar trazendo consequências devastadoras, o rompimento da barragem é somente um exemplo. Melhorar a fiscalização e investir com mais consciência é somente o primeiro passo para uma intervenção efetiva, o que é realmente necessário é uma sociedade mais humanista e com mais cidadania.