Título da redação:

Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Tema de redação: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 09/05/2016

Completa-se 5 meses desde o rompimento da barragem da empresa Samarco em Mariana (MG), passando a ser um dos maiores “acidentes” na história da humanidade proporcionando a dizimação da fauna silvestre e cultural daquela região. Assim como aconteceu em Golfo Pérsico, onde o ditador iraquiano Saddam Hussein, após ser derrotado no Kwait e ser obrigado a se retirar do país invadido, ordenou a destruição dos poços de petróleo existentes no local, no qual, mais de 1 milhão de litros de óleo foram lançados no Golfo Pérsico ou queimados. A fumaça se espalhou pelo país e casou a morte de pelo menos 1 mil pessoas por problemas respiratórios. Nem todos os desastres foram tão acidentais assim. Com a ruptura do açude, foram lançados mais de 11 toneladas de lama ao longo da bacia do Rio Doce tornando a água imprópria para consumo e de acordo com o professor de geotecnia da Coppe-UFRJ (Centro de pesquisa em engenharia da Federal do Rio) Maurício Ehrlich, “Esse resíduo de mineração é infértil porque não tem matéria orgânica. Nada nasce ali. É como plantar na areia da praia de Copacabana”, nada se constrói ali também, considerando que o material émole e não oferece resistência e logo irá virar um grande “deserto de lama” que demorará dezenas de anos para secar. A reconstituição de um solo pode levar centenas de anos, que é a escala geológica para a formação de um novo solo. E com o despejo de rejeitos na água, acontece o assoreamento de rios e riachos que ficam mais rasos e têm seus recursos alterados pelo aumento da lama, e a biodiversidade pode demorar décadas para ser restabelecidas, como também as espécies endêmicas (que só existem naquela região) ocorre a possibilidade de serem extintas e ter uma perda imensurável de espécies ainda não conhecidas pela humanidade. Famílias que viviam de meios que originavam dos recursos naturais providos da natureza, hoje encontram-se sem a sua maior fonte de maior sustento. Muitos moradores que viviam naquela região tinham como sua maior fonte de renda a pesca, mas, à medida que a lama avança atingindo os ambientes aquáticos, causando a morte de todos os organismos ali encontrados como algas e peixes. Logo após a circunstância vários peixes morreram em razão da falta de oxigênio dissolvido na água e também pela obstrução das brânquias. Nessas regiões os moradores que sobreviveram, tiveram que migrar para outras regiões ou foram direcionados as casas oferecidas pelas empresas responsáveis pela represa, seus costumes e cultura agora passará por uma nova faze, podendo até deixar de existir, e perder valores que antes eram importantes para aquela região. Em síntese, essa catástrofe não trouxe apenas danos materiais, mas também, sociais, culturais e muitos outros incalculáveis, que poderiam ser evitados se a fiscalização fosse uma atividade de costume por parte dos responsáveis. Para que haja a prevenção para problemas como esse, a alternativa seria que empresas como a Samarco e muitas outras, investissem em companhias com o objetivo de avaliar e reformar a infraestrutura desses lugares. Por conseguinte, estamos muito longe de resolver tal impasse. As organizações responsáveis pela tragédia devem dar total assistência aos moradores de Mariana, que sofreram com tamanho descuido da mineradora Samarco, dando a eles uma nova moradia e conceder uma nova fonte de renda para os mesmos, dando também uma indenização para todos que perderam seus familiares com o rompimento da barragem. Não medir esforços para garantir uma nova vida para esses afetados é apenas o mínimo que a Samarco deve fazer. Em muitos casos prevenir é melhor do que remediar, e no caso de empresas como a Samarco, poderiam ser poupados muitos gastos com negligência que poderiam vir a acontecer.