Título da redação:

Da lama ao caos

Proposta: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 15/06/2016

A partir da consolidação do Capitalismo em território brasileiro, do século XIX ao XXI, o aspecto exploratório passou a ser incorporado ao modo de produção industrial, haja vista os impactos ambientais recorrentes. Diante disso, o desastre em Mariana reflete uma sociedade que, conquanto moderna, permanece refém de interesses científicos e econômicos independentemente dos custos sociais e ecológicos. Nessa perspectiva, surge o questionamento acerca dos limites do avanço científico no Brasil e como a ganância empresarial e popular pode interferir no meio ambiente e na sociopolítica. É importante salientar que a atual lama em Mariana é oriunda de um processo industrial mal realizado, o qual obteve consequências desastrosas ao local. Um trilhão de seres vivos mortos, destruição de um município e um volume exorbitante de rejeitos minerais,por exemplo, são algumas das imediatas implicações da ruptura da barragem pela empresa Samarco. Isso se deve, por ação humana, à diminuta fiscalização às atividades da Indústria, o que revela uma deficiência estatal na contenção da tragédia. Além disso, a ânsia dos industriais em exaurir o solo para obterem um lucro maior denota uma falência social em aceitar os limites da extração, o que pôs em risco a integridade ambiental e humana do lugar. Desse modo, percebe-se a crítica da canção de Chico Buarque, Fado Tropical, como análoga ao impacto, em que caracteriza a tendência colonialista, uma vez que, historicamente, a elite brasileira sempre manteve vínculos apenas comerciais e exploratórios com o território. Com efeito, observa-se a inércia popular e ministerial frente à punição efetiva dos envolvidos, uma vez que a ética a justiça se mostram, por vezes, como um alento aos poucos crédulos na atual Bruzundanga. Por conseguinte, fatores consequentes, como a perda de espécies endêmicas, pessoas soterradas e o prejuízo à agricultura, permanecem esquecidos devido à morosidade do Judiciário brasileiro. Nota-se, ainda, a pouca movimentação social, restringindo-se aos ambientalistas, o que revela um caráter preocupante no que concerne a preocupação coletiva sobre crimes ambientais. Dessa forma, é evidente a urgência de uma educação ambiental e revolucionária, em que a sociedade civil reivindique direitos básicos e a efetivação da Constituição, a fim de não torná-la apenas uma Carta Magna obsoleta e sem leitura prática. Entende-se, destarte, que os prejuízos advindos do desastre em Mariana são frutos de uma indústria mineral sedenta por lucros, em detrimento da integridade ecológica e de uma população omissa a tal tragédia. Por isso, a fim de amenizar as implicações da calamidade, o Governo Federal, aliado à Secretária de Meio Ambiente, deve viabilizar a utilização de floculantes na água afetada, bem como diques de infiltração sob a verba dos responsáveis em curto prazo, além do pagamento de altas indenizações aos afetados. Ligado a isso, urge às escolas e às famílias o papel sinérgico de formarem jovens conscientes da preservação do meio ambiente e da importância da democracia efetiva, por intermédio de psicólogos e ambientalistas, em oficinas e projetos periódicos de educação ambiental. Afinal, toda transformação é primordialmente germinada no intelecto humano. Dessa feita, por essa sinergia haverá um aparato maior ao caos advindo da lama.