A gravidade da disseminação de notícias falsas nos diversos meios de comunicação tem despertado a atenção da sociedade brasileira e chamado a atenção do poder público para a notoriedade na questão no Brasil. Porém, ainda que reconhecida a importância de superar esse impasse a fim de que o país avance, essa problemática persiste em decorrência, sobretudo, de fatores culturais e sociais. Por isso, medidas cujo objetivo seja reverter esse quadro necessárias. Em primeira análise, o interesse político implícito no compartilhamento de notícias mentirosas contribui para a existência do problema. Essa forma de divulgar notícias falsas não é algo recente na história da humanidade: durante a ditadura militar a morte de Vladimir Erzog foi noticiada como suicídio, o que foi desmentido depois da análise da fotografia de sua morte, já que, ajoelhado, não teria conseguido se enforcar. As “fake news”, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcados na liberdade de imprensa fomentam uma cultura de notícias fraudulentas em campanhas políticas que pode comprometer as eleições democráticas no país, uma vez que pode desviar a atenção dos cidadãos diante da realidade do Brasil e favorecer uma elite tendenciosa no poder. Em segunda análise, a ideologia de “terra sem lei” apresenta-se como outro fator preponderante para a disseminação de notícias falsas. Isso ocorre porque a dificuldade de fiscalização, mediante a rapidez com a qual se propagam, permite que qualquer cidadão que divulgar uma notícia mentirosa fique impune. Desse modo, a população tem o seu direito de informação verídica negligenciado pelo Estado, o qual, inobservante com as mazelas sociais, ainda não desenvolveu mecanismos capazes de acompanhar as novas tendências tecnológicas. Essa realidade, infelizmente, propicia graves consequências como ocorreu com a divulgação de áudios de supostos médicos associando o autismo a efeitos colaterais de vacinas fundamentais para a erradicação de doenças, o que é nocivo à saúde da população. Nesse sentido, urge que o Poder Público, por intermédio da criação de delegacias especializadas e canais de ouvidoria anônima na internet, promova a fiscalização e a punição dos usuários e partidos políticos que publicarem notícias falsas, além de criar uma página exclusiva na internet que condene a notícia como falsa, visando garantir o direito de informação dos cidadãos. Ademais, incumbe às redes sociais desenvolver um algoritmo, a partir do investimento em pesquisas capazes de detectar a veracidade da informação no momento da publicação, devendo excluí-la em casos negativos, a fim de reduzir a quantidade de fake news. Logo, essa realidade poderá ser gradativamente descontruída.