Diante de tantas notícias e fontes de informação proporcionados pela internet, é difícil dizer ao certo se determinado apontamento corresponde à verdade. A comunicação tornou-se, em todos os aspectos, de domínio público, pois agora qualquer um pode fazer o papel de redator e divulgador de conteúdo. O problema surge dessa nova posse de poder, visto que o comprometimento com a veracidade é, muitas vezes, deixado de lado. E assim se dá o “hoax”, a propagação de notícias caluniosas. É claro que a divulgação de relatos falsos não é exclusiva das redes sociais, mas sua ocorrência ganhou maior força com a permissibilidade do meio. Geralmente, as “fake news” são utilizadas com o objetivo de gerar polêmicas e, dessa forma, garantir maior repercussão na mídia, derrubando ou ascendendo candidatos a cargos políticos, desviando a atenção de acontecimentos mais importantes ou simplesmente aumentando o número de visualizações no site em cujo boato foi postado. A partir dessa situação, a sociedade se vê em estado de incerteza e impotência, tema já explorado por Bauman. O avanço tecnológico acelerado, bem como a fragilidade das relações sociais, provoca o que o pensador chama de “modernidade líquida”. Tal termo expressa bem o sentimento atual gerado pelas falsas notícias, já que, dadas as inconstâncias do período, não há nada concreto em que se possa apoiar. Por isso, é necessário que o senso crítico seja muito bem utilizado, para apurar as informações expostas e evitar consequências fatais. Do contrário, a população sujeita-se ao ódio e recorre à violência direcionada àqueles que, na realidade, são inocentes, como em vários casos de linchamento acarretados por equívocos noticiados. Da mesma forma, a massa pode ser direcionada de acordo com as vontades da mídia, elegendo ícones e heróis de verdadeiro mau caráter. Considerando que a problemática se deve à liberdade extrema de comunicação, que transcende os limites da verdade e impede a clara visualização dos fatos, é preciso impor regras e fiscalizações ao que se divulga em quaisquer noticiários. Grandes empresas de informação como Google, Facebook e sites jornalísticos devem adotar o “fact-checking”, método de verificação documental de condições e acontecimentos veiculados, a fim de garantir que o conteúdo disponibilizado é verdadeiro. Assim, a população terá efetivamente acesso ao fato, ao invés do falso.