A introdução da internet popularizou os chamados “hoaxes”, que consistem na divulgação de falsas histórias, normalmente usadas para difamar pessoas ou instituições, transmitir visões políticas, atrair público a determinadas páginas, perfis ou, até mesmo, por diversão irresponsável. Tais boatos podem mudar os rumos da política, o comportamento de toda uma sociedade ou, até mesmo, prejudicar de forma irreversível a vida do alvo do boato. Com a internet, houve uma mudança significativa no modo da população lidar com as notícias. Com a televisão e o rádio, a sociedade era uma receptora passiva, já com a internet há comunicadores ativos que recebem, propagam, reescrevem e enviam mensagens. No entanto, a exemplo de como é o comportamento das pessoas na vida cotidiana, com automatismo e reações irrefletidas, o compartilhamento de informações nas redes ocorre sem haver uma preocupação com a veracidade das informações, gerando consequências que podem ser inconvertíveis. Em Guarulhos, por exemplo, uma mulher foi morta após ser espancada pela população que acreditou em um boato que circulava nas redes sociais relatando que a mulher sequestrava crianças para rituais de magia. Além disso, falsas notícias sobre atentados na Europa, ocasionados por imigrantes, estão fomentando o xenofobismo. Nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América, também, a divulgação de notícias falsas chegou a superar a de informações verídicas, segundo a empresa de mídia de notícias BuzzFeed, o que pode ter influenciado o voto daqueles que não souberam identificar e acreditaram nos hoaxes que estavam sendo transmitidos. Os fatos supracitados ocorrem, em suma, porque qualquer pessoa pode publicar, hoje, um texto na internet, através de blogs ou redes sociais, sem passar previamente por uma editora ou pela redação de um jornal, o que ocasiona uma liberdade na divulgação de informações que não acompanha, por vezes, a garantia da sua qualidade. A população, por sua vez, sempre acostumada a receber passivamente as informações da mídia, não avalia racionalmente as notícias que consome. Ademais, alguns sites novos de notícias fazem uso dos hoaxes na intenção de ganhar público em suas páginas. Entretanto, assim como retratado pela jornalista Carol Aleixo, “a busca pela audiência é importante, mas o jornalismo só cumpre sua função quando mobiliza a sociedade de forma ética e moral”. Faz-se necessário, portanto, que o governo reúna-se afim de criar meios de identificar notícias falsas e punir seus autores. ONGs especializadas em mídias e comunicação devem ser levadas às escolas, pelo Ministério da Educação, para orientar pais e alunos da importância de checar a veracidade das informações antes de divulga-las, mostrando as consequências que o simples compartilhamento de uma falsa mensagem pode ocasionar na sociedade como um todo e como é importante avaliar racionalmente as informações que os cercam. Apenas com indivíduos críticos na sociedade será possível diminuir a circulação dos hoaxes.