No futuro distópico da animação “Wall-E”, o planeta Terra está destruído e soterrado por lixo, pois o consumismo humano conseguiu esgotar todos os recursos naturais. Apesar do destino exagerado dado à humanidade no filme, ele é sincero ao mostrar como a administração do lixo é complicada, na medida em que ela vai muito além do simples descarte, sendo necessário reduzir, reutilizar e reciclar, medidas que os brasileiros, assim como os terráqueos do longa-metragem, não tomam. Diante disso, é indubitável que a má gestão de resíduos é um problema grave, que traz doenças, gera poluição e acarreta, a longo prazo, no fim dos recursos naturais. As estatísticas mostram como o Brasil está aquém do ideal no manejo do lixo, segundo o IBGE, menos de metade dos governos estaduais possuem programas de coleta seletiva. Isso implica no descarte indevido da quantia restante, com prova um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública, o qual revela que o país tem quase três mil lixões ou aterros irregulares. Consequentemente, a qualidade de vida dos moradores próximos a esses locais será prejudicada, afinal, o lixo acumulado colabora para a proliferação de espécies veiculadoras de doenças, como ratos e baratas. Outrossim, a manutenção de formas incorretas de descarte causa a poluição do ar e do solo, esta que ocasiona também a contaminação dos lençóis freáticos, uma catástrofe, se considerada a época de escassez hídrica hoje vivenciada. Ademais, já foi gasta uma quantidade enorme de matéria e energia na produção de todos esses itens para, no fim, eles se tornarem apenas descarte incômodo, portanto, é imprescindível que a gestão de resíduos seja feita, para evitar ao máximo o desperdício de recursos naturais. Logo, é necessário um maior equilíbrio entra o que é consumido e o que é descartado, pois a matéria-prima para produzir é limitada. Enfim, para que tais questões sejam solucionadas, a ponto de que o Brasil consiga gerir corretamente seus resíduos, faz-se necessário que o Ministério do Meio Ambiente, em conjunto com o Ministério das Cidades, atue colocando em prática a Lei 12.305/10, que detalha a forma como os resíduos devem ser tratados. Tal medida pode ser concretizada destinando mais verba aos municípios para atenderem os requisitos dessa lei, que prevê a extinção dos lixões, a coleta seletiva nos bairros para posterior reciclagem e uma maior inclusão dos catadores, em forma de associações ou cooperativas, e fiscalizando o cumprimento dela, a fim de que haja uma disposição adequada do lixo, mais inclusão social e racionalização dos recursos. Espera-se com isso que o Brasil nunca vire um país deserto, vítima dos próprios resíduos, como o mundo do robô Wall-E.