Título da redação:

Esporte no Brasil: inclusão social ou meritocracia excludente?

Tema de redação: Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou meritocracia excludente?

Redação enviada em 27/09/2015

Segundo a definição do dicionário Houaiss, “esporte é a atividade física regular, com fins de recreação e/ou manutenção do condicionamento corporal e da saúde”. Todavia, muito se tem discutido sobre a questão da prática esportiva como ferramenta de inclusão social, pois, será que o esporte, por si só, pode ser considerado como tal ferramenta? Em contrapartida, por selecionar os melhores, não seria um instrumento de exclusão, sobretudo, das camadas populares? Para Piaget, importante cientista e pensador do século XX, a aquisição da linguagem passa por um processo sistematizado. Dentro desse processo, ele afirma que o indivíduo precisa desenvolver a psicomotricidade corporal antes da escrita em si, isto é, é preciso que a criança domine os movimentos amplos do corpo (como pular corda, jogar futebol etc) para só então, desenvolver a escrita e, consequentemente, a leitura e as demais práticas educacionais ao longo da vida. Portanto, por esse prisma, a prática esportiva, na sua essência, é de vital relevância para o desenvolvimento intelectual, emocional e social de um indivíduo. Por outro lado, sabemos que a prática esportiva como competição, suscita o desenvolvimento do caráter competitivo, da busca pela vitória e, com isso, promove a seleção dos melhores, ou seja, dos mais bem preparados física e emocionalmente, tornando-se assim uma ferramenta meritocrática de segregação. Nesse contexto, o esporte no Brasil atua mais como excludente do que inclusivo, já que as camadas mais abastadas da sociedade não dispõem da infraestrutura e do incentivo adequado a prática do esporte como ferramenta transformadora, salvo algumas exceções. Portanto, é preciso, no Brasil, que o Estado promova o uso saudável das atividades físicas e, para isso, deve-se investir na infraestrutura adequada para a prática das diversas modalidades esportivas existentes, sobretudo, nas favelas e periferias. Ademais, as escolas devem fomentar o esporte como meio de educação corporal e pré-requisito para o desenvolvimento da linguagem e do intelecto, como sugere Piaget. E, por fim, a programação midiática deve enfatizar o papel do esporte como precursor da saúde, desvinculando-o do seu caráter puramente competitivo.