Título da redação:

Esporte: cidadania e integração social

Proposta: Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou meritocracia excludente?

Redação enviada em 12/05/2017

Desde os primórdios do processo de formação das cidades-estado da Grécia Antiga já notava-se a elevada influência das práticas esportivas no cotidiano dos cidadãos. Fosse por entre vilarejos da "Pólis", locais de convivência mútua no Período Homérico, ou durante os jogos olímpicos, fazia-se do esporte um instrumento de amenização dos conflitos sociais e , concomitantemente, zelava-se pela boa forma física e pela superação dos limites corporais. De modo semelhante a esse, os últimos governos federais brasileiros investiram consideravelmente em projetos de leis objetivados à utilização do esporte como recurso de superação de barreiras sociais. Todavia, a supervalorização de determinadas modalidades físicas em comparação a outras, consideradas menos relevantes, acabou por configuras um cenário pautado na exclusão de praticantes esportivos devido à incompatibilidade de aptidões físicas. É indubitável que cada Ser Humano é munido de diferentes talentos e habilidades que o diversificam de seus semelhantes. Com isso, constata-se a existência de variadas práticas esportivas, cada uma direcionada às características de perfis físicos e intelectuais específicos. No entanto, a hipervalorização de esportes de elevado enfoque midiático, como o voleibol e o futebol, resultaram num contexto excludente no qual outras práticas corporais são deixadas a segundo plano, de modo a erguer empecilhos que obstruem até mesmo o repasse de verbas a esportes ditos como "irrelevantes" por opiniões do senso comum. Assim, o esporte, primordialmente criado em prol da integração social de um todo, acaba por catalisar processos de segregação física e social. Destarte, ressalta-se que os aspectos hodiernos do esporte nacional acabam por firmarem-se sobre ideais meritocráticos, os quais privilegiam determinados indivíduos em detrimento do aprimoramento de determinada habilidade física estereotipada pelos padrões sociais. Nesse viés, estabelece-se uma elevada relação entre os processos de seleção de aptidões físicas e o Darwinismo Social, uma vez que em ambos pode-se notar o segregacionismo estabelecido pelos conceitos de aptidão ou inaptidão do Ser Social ao exercício de atividades pré-determinadas. Portanto, visando à quebra de paradigmas ideológicos consolidados a priori acerca da "seleção natural" por particularidades físicas, cabe ao MEC, Ministério de Educação e Cultura, aliar-se a ONG's de valorização à pluralidade esportiva a fim de realizar visitas de atletas de modalidades distintas em escolas das redes públicas e particulares do ensino básico, propondo debates que pontuem o esporte como fator promotor da superação de barreiras humanas. Ademais, os poderes públicos devem ampliar os repasses de verbas municipais destinadas a equipamentos e utensílios esportivos aos centros de educação, de modo a diversificar as modalidades físicas praticadas pelos alunos. Dessa forma, extinguir-se á, gradativamente, o legado anti-democrático herdado pela segregação humana causada pela uniformidade do padrão esportivo.